RJ em Foco

'A cadeia criminal deve ser atacada', diz Alberto Kopittke, criminologista e consultor de segurança da prefeitura de Niterói

Especialista atribui aumento dos roubos de celular no Centro de Niterói ao maior fluxo de pessoas após revitalização da região

Agência O Globo - 15/12/2025
'A cadeia criminal deve ser atacada', diz Alberto Kopittke, criminologista e consultor de segurança da prefeitura de Niterói
Alberto Kopittke

Para Alberto Kopittke, diretor do Instituto Cidade Segura e consultor de Segurança Pública da prefeitura de Niterói, a queda nos roubos na cidade nos últimos cinco anos resulta da integração entre diferentes entes governamentais. O especialista destaca que o aumento da circulação de pessoas pelo Centro da cidade está diretamente relacionado ao crescimento dos roubos de celular no primeiro semestre de 2025.

Queda dos roubos em Niterói:

De 2020 a 2024, os roubos caíram consecutivamente em Niterói. Segundo Kopittke, o município se tornou um experimento em tempo real de mudança no modelo de segurança pública. “Houve um processo de integração muito intenso entre o município e as forças de segurança. Toda semana, representantes de cada ente governamental se reúnem para acompanhar os indicadores e discutir estratégias para cada tipo de problema. É o mesmo modelo que deu certo em Nova York: foco e integração para resolver os problemas”, afirma.

Efetivo ampliado e tecnologia:

Nesse período, a Guarda Municipal dobrou seu efetivo, passando de 300 para 700 agentes, sem ser armada. “A Guarda não disputa espaço com a PM. Credito a diminuição dos crimes a uma análise criminal bem feita, que infelizmente não é uma prática recorrente no Brasil. O uso da tecnologia, com cercamento eletrônico da cidade, dá sustentabilidade ao processo”, explica Kopittke.

Aumento dos roubos de celular:

Sobre o crescimento de 80% nos roubos de celular no primeiro semestre de 2025, Kopittke ressalta: “A revitalização do Centro, parte do projeto Pacto pela Paz, aumentou o fluxo de pessoas na região. Isso é positivo para a cidade, mas tornou o bairro mais atrativo para roubos, que se concentram ali”.

Para o criminologista, é fundamental atacar a cadeia criminal: “Não basta aumentar a ostensividade, é preciso entender para onde vai o aparelho. O negócio do roubo de celular não é amador, tem organização criminosa por trás. Paralelamente, é necessário um trabalho conjunto com a assistência social para evitar roubos e furtos cometidos por usuários de drogas”.