Política
Plenário adia votação de projetos sobre criação de fundos da Justiça
Os projetos que criam quatro fundos ligados ao sistema de Justiça foram retirados da pauta de Plenário nesta terça-feira (16). O Projeto de Lei (PL) 429/2024 — que estabelece o Fundo Especial da Justiça Federal (Fejufe) e o Fundo Especial do Superior Tribunal de Justiça (Festj) — gerou controvérsia entre os senadores, que questionaram a constitucionalidade das proposições e cobraram mais discussão nas comissões temáticas.
De iniciativa do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o projeto prevê a criação dos dois fundos para custear a modernização, infraestrutura e ampliação do acesso à Justiça, com financiamento por custas, multas e outras receitas. O texto ainda atualiza e reajusta anualmente as custas judiciais da Justiça Federal e do STJ.
Urgência
O projeto foi submetido a Plenário na forma de substitutivo (texto alternativo) do relator da matéria, senador Eduardo Gomes (PL-TO). Ele defendeu o reajuste das custas da Justiça Federal, que considera muito defasadas, e atribuiu à “demagogia” as críticas ao projeto.
— Vamos debater sobre a verdade. Não é porque eu critico setores da Justiça (...) que eu quero uma Justiça (...) sucateada.
A votação foi antecedida de aprovação de requerimento de urgência, apresentado pelos líderes partidários. O senador Eduardo Girão (Novo-CE), um dos 13 senadores a votar contra a urgência, apresentou questão de ordem quanto aos prazos regimentais e cobrou um debate mais apurado da matéria.
— O debate é excluído de um assunto tão impactante no dia a dia dos brasileiros, que têm um aumento ínfimo no salário.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, porém, indeferiu a questão de ordem. O indeferimento foi confirmado pelo Plenário, em votação simbólica com 12 votos contrários.
Índice de correção
Eduardo Gomes anunciou acordo para mudar o índice de correção da Selic para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Originalmente, o projeto previa a correção das custas pela taxa Selic, mas o critério foi alvo de críticas. Entre outros, Oriovisto Guimarães (PSDB-PR) previu aumentos expressivos nas custas e Dr. Hiran (PL-RR) previu que o aumento da taxa de juros tornaria “impeditivo” o acesso à Justiça.
Constitucionalidade
A criação dos fundos também foi apontada como contrária à Constituição. Ao senador Alessandro Vieira (MDB-SE), Eduardo Gomes afirmou que os fundos são necessários para a Justiça atingir seus objetivos, o que os tornaria constitucionais. O senador Weverton (PDT-MA) apoiou a constitucionalidade da criação dos fundos para a Justiça Federal, lembrando que já existem fundos nas justiças estaduais.
O senador Fabiano Contarato (PT-ES) pediu a retirada de pauta do projeto para resolução de “incongruências”. Ele sustentou que “não há razão de sustentabilidade” para a criação dos fundos.
— Esse projeto de lei já nasce com vício de inconstitucionalidade.
Contarato também criticou a vinculação da gratuidade à renda — o projeto assegura isenção de custas judiciais a quem ganha até R$ 5 mil mensais —, sublinhando que a concessão de gratuidade deve continuar sendo analisada caso a caso. A retirada de pauta foi apoiada por Oriovisto Guimarães.
Outros fundos
Por decisão de Davi Alcolumbre, além do PL 429/2024, também foram retirados de pauta os projetos que criam o Fundo de Fortalecimento da Cidadania e Aperfeiçoamento do Ministério Público da União (PL 1.872/2025) e o Fundo de Fortalecimento do Acesso à Justiça, Promoção dos Direitos Fundamentais e Estruturação da Defensoria Pública da União (PL 1881/2025). Davi avaliou que há conexão entre esses projetos.
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