Política

Debate propõe inclusão de válvula no SUS para evitar perda de visão

Audiência no Senado discute incorporação de tecnologia nacional para tratar hipertensão intracraniana idiopática e prevenir cegueira.

15/12/2025
Debate propõe inclusão de válvula no SUS para evitar perda de visão
SUS (Sistema Único de Saúde) - Foto: Reprodução / Agência Brasil

Parlamentares, médicos e pacientes defenderam nesta segunda-feira (15) a inclusão, no Sistema Único de Saúde (SUS), de novas tecnologias para o tratamento da hipertensão intracraniana idiopática (HII). A doença, rara e que atinge principalmente mulheres, caracteriza-se pelo aumento da pressão interna na cabeça, podendo levar à perda da visão.

A prevenção e o tratamento do problema foram debatidos em audiência pública da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), a pedido da senadora Mara Gabrilli (PSD-SP). A parlamentar solicitou ao SUS a inclusão de uma válvula programável entre os equipamentos disponíveis para tratar a doença. A solicitação ainda aguarda análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).

“Em março deste ano, fizemos uma indicação ao Ministério da Saúde para incorporar ao SUS tecnologias importantes para o manejo da hipertensão intracraniana idiopática, que trazem benefícios aos pacientes e vantagens econômicas para o sistema. Ainda não tivemos resposta, mas seguimos cobrando ações concretas”, afirmou Mara Gabrilli.

O debate contou com a participação do médico Fernando Campos Gomes Pinto, chefe da Unidade de Hidrodinâmica Cerebral do Grupo de Neurocirurgia Funcional do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. O especialista criticou a demora da Conitec em decidir sobre a incorporação, pelo SUS, de uma válvula programável produzida no Brasil, que poderia beneficiar pacientes com HII.

A válvula controla o fluxo do líquor (líquido cefalorraquidiano, presente no cérebro e na medula), permitindo ajustes de forma não invasiva. Além das pessoas com HII, o equipamento também pode ajudar pacientes com hidrocefalia.

“Somos referência internacional nesse conhecimento. Não entendo por que os pacientes com HII atendidos pelo SUS não podem usufruir desse direito. No ano que vem, teremos um congresso mundial de hidrocefalia em São Paulo, e será curioso mostrar uma tecnologia nacional de ponta que outros países já utilizam, enquanto o nosso SUS ainda aguarda a liberação da Conitec”, criticou o médico.

Impacto na vida

Pacientes com HII também defenderam a oferta da válvula programável pelo SUS. Para Giselle Maria Santos de Siqueira, quem convive com a hipertensão intracraniana idiopática deve ter garantido o direito à avaliação médica especializada, proteção social, prioridade no atendimento e tratamentos multidisciplinares.

“A HII paralisa completamente a vida da pessoa. Afeta o trabalho, os estudos, a rotina, a saúde emocional e a vida familiar. Para muitos pacientes, a válvula não é uma escolha: é a única forma de evitar a perda da visão. Hoje, o acesso à válvula pelo SUS ainda é muito difícil. Os pacientes esperam muito, recebem negativas ou só conseguem com ordem judicial. Isso causa sofrimento, piora a doença e gera custos para o sistema público. Garantir a válvula pelo SUS, quando indicada pelo médico, é evitar cegueira, afastamento do trabalho e sofrimento desnecessário”, afirmou.