Política

Comissão defende mais investimentos em prevenção para evitar novas enchentes no Rio Grande do Sul

Relatório preliminar aponta avanços na reconstrução, mas destaca urgência de ações preventivas e renegociação de dívidas rurais.

11/12/2025
Comissão defende mais investimentos em prevenção para evitar novas enchentes no Rio Grande do Sul
Comissão aponta urgência em ações preventivas para evitar novas enchentes no Rio Grande do Sul. - Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados

A Comissão Externa da Câmara dos Deputados, criada para acompanhar os danos das enchentes no Rio Grande do Sul em 2023 e 2024, apresentou seu relatório preliminar de atividades.

Instalada em novembro de 2023, após a primeira grande enchente no Vale do Taquari, a comissão ampliou seus trabalhos diante da maior tragédia climática da história do estado, registrada em maio do ano passado.

O relator, deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), destacou ações como a declaração de estado de calamidade, que viabilizou o envio imediato de recursos e a suspensão do pagamento da dívida do estado com a União por 36 meses, contribuindo para a reconstrução.

Prevenção é prioridade
Apesar dos avanços, Pompeo de Mattos alertou para a necessidade de medidas estruturais, como o desassoreamento dos rios, para evitar novas tragédias. “Prevenção é a única arma para evitar que mais pessoas percam a vida ou sua história”, afirmou. O deputado ressaltou que, embora seja possível reconstruir pontes, estradas e escolas, a prevenção é fundamental para não repetir os mesmos erros.

Segundo o relator, a reconstrução de estradas, escolas e hospitais avançou, mas a situação habitacional permanece crítica. “Errar é humano, permanecer no erro é burrice. Não podemos reconstruir casas nos mesmos terrenos atingidos. Isso exige novas áreas, tornando a questão habitacional mais complexa e demorada”, pontuou.

O relatório aprovado inclui um apelo para que o Senado vote com urgência o Projeto de Lei 5122/23, já aprovado pela Câmara. A proposta prevê renegociação de dívidas e crédito facilitado para produtores atingidos, sem as restrições das medidas provisórias atuais.

Entraves bancários
O deputado Sanderson (PL-RS) criticou a falta de resposta do Ministério da Fazenda sobre os entraves bancários. “Encaminhamos ofícios e não obtivemos resposta. O ano terminou e o crédito rural segue sem solução”, afirmou.

O vice-líder do governo, deputado Bohn Gass (PT-RS), sugeriu a inclusão de políticas preventivas, com foco no manejo de microbacias hidrográficas e cobertura do solo para retenção de água. “Para prevenir enchentes e resolver estiagens, precisamos recompor as microbacias. Solo coberto e não compactado permite maior absorção de água”, explicou. A sugestão foi incorporada ao relatório.

Fiscalização permanente
O presidente da reunião, deputado Afonso Hamm (PP-RS), defendeu a continuidade dos trabalhos da comissão em 2026 para fiscalizar a execução das verbas. “O Rio Grande do Sul precisa seguir sendo apoiado. A vida das pessoas continua e a burocracia não pode travar a reconstrução”, destacou.

A Comissão Externa deverá apresentar um relatório final com recomendações para a recuperação do estado e sugestões de prevenção a desastres climáticos.