A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que teve o mandato preservado pela Câmara dos Deputados nesta quinta-feira, 11, mesmo estando presa na Itália, já consumiu R$ 654,6 mil em recursos públicos desde que deixou o Brasil, em junho. Enquanto mantiver o mandato, o gabinete da parlamentar deve gerar um custo aproximado de R$ 130 mil mensais.

Parlamentares do PL articulam para que Zambelli perca o mandato por excesso de faltas. Para isso, ela precisa acumular um terço de ausências não justificadas, e técnicos da Câmara calculam que essa condição só seria atingida no final de fevereiro de 2026. Assim, o gasto total pode ultrapassar R$ 1 milhão.

Se houver a decretação da perda do mandato, Zambelli não precisaria cumprir oito anos de inelegibilidade, como ocorre em casos de cassação. O mesmo aconteceu com o ex-deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), que ficou um ano preso sem julgamento de cassação pelo plenário da Câmara.

Desde a fuga para a Itália e a prisão no país europeu, no fim de julho, a atuação parlamentar de Zambelli é praticamente inexistente. Nesse período, ela apenas assinou apoio a uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que permite ao trabalhador escolher entre a jornada prevista na CLT ou um regime flexível de horas trabalhadas.

Segundo a assessoria da deputada, o gabinete permanece em pleno funcionamento. "O fato de a parlamentar não estar presente não significa que os assessores não tenham função. A única diferença é que ela não está votando. As questões administrativas, acompanhamento de emendas, projetos, assessoria de imprensa e redes sociais continuam sob responsabilidade da equipe", informou.

Em maio, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Zambelli a dez anos de prisão e à perda do mandato, devido ao envolvimento na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pelo hacker Walter Delgatti Neto.

Por determinação do STF, a Câmara suspendeu o salário de R$ 46,4 mil da deputada e bloqueou o uso da cota parlamentar. No entanto, seus suplentes tiveram acesso aos recursos durante o período de afastamento.

Zambelli tirou licença parlamentar de 127 dias após a fuga, encerrada no início de outubro. Foram seus suplentes nesse período Coronel Tadeu (PL-SP) e Missionário José Olímpio (PL-SP).

No exercício do mandato, Tadeu utilizou R$ 43,1 mil da cota parlamentar, enquanto Olímpio gastou R$ 160 mil, além dos salários proporcionais ao período. Esses valores são adicionais ao montante já mencionado.

No último mês como deputado, Olímpio gastou R$ 114 mil da cota, sendo R$ 92,9 mil para divulgação do mandato. A maior parte foi destinada a gráficas: 55 mil informativos sobre a atividade parlamentar custaram R$ 57 mil, e mil cartões de visita, R$ 17 mil.

Olímpio também recebeu autorização da Câmara para ajustes no gabinete de Zambelli em setembro, o que elevou o gasto mensal do gabinete ao recorde de R$ 132,9 mil.

De acordo com o gabinete de Zambelli, as contratações feitas por Olímpio seguem ativas e, antes disso, o quadro de funcionários estava reduzido. "Quando a deputada se licenciou, havia mais de 20 assessores, número que foi reduzido. O deputado, ao assumir, ficou com o quadro defasado. Hoje, temos assessores de orçamento, legislativo, administrativo e de representação política em atividade", explicou a assessoria.

Deputados podem gastar até R$ 133.170,54 por mês para manter até 25 funcionários em seus gabinetes. Atualmente, o gabinete de Zambelli mantém 12 servidores ativos, mesmo com a parlamentar presa.