Poder e Governo

Perícia da Polícia Federal conclui que Bolsonaro tem hérnia e precisa de cirurgia 'o mais breve possível'

Ex-presidente está preso em uma cela especial na Superintendência da PF, onde vem sofrendo com crises de soluço

Agência O Globo - 19/12/2025
Perícia da Polícia Federal conclui que Bolsonaro tem hérnia e precisa de cirurgia 'o mais breve possível'
O ex-presidente Jair Bolsonaro - Foto: Reprodução

Os peritos médicos da Polícia Federal concluíram que o ex-presidente Jair Bolsonaro precisa passar por uma cirurgia "o mais breve possível" para tratar de uma hérnia inguinal bilateral. Condenado no processo da trama golpista, o ex-mandatário está preso em uma cela especial da Superintendência da PF, em Brasília, desde novembro. No local, Bolsonaro passou por uma bateria de exames para verificar o que tem provocado a crise frequente de soluços.

"Diante do exposto, essa Junta Médica pericial conclui que o periciado JAIR MESSIAS BOLSONARO é portador de hérnia inguinal bilateral que necessita reparo cirúrgico em caráter eletivo", diz o laudo da perícia federal. O exame foi realizado por um grupo de três peritos do Instituto Nacional de Criminalística (INC).

De acordo com o laudo, o quadro de saúde de Bolsonaro piorou devido ao aumento da pressão interna provocado por crises de "soluços e tosse crônica". O ex-presidente sofre com as sequelas de um golpe de faca sofrido durante a campanha eleitoral de 2018 e uma sequência de sete cirurgias realizadas no abdômen desde então.

Os peritos concluíram que o ex-presidente ficou com uma lesão em um nervo do tronco decorrente de um procedimento cirúrgico, o que está provocando o soluço frequente. É preciso reparar essa área machucada para interromper as crises de soluço.

"No tocante ao quadro de soluços, o bloqueio do nervo frênico é tecnicamente pertinente. Quanto à tempestividade do procedimento, esta Junta Médica entende que deve ser realizado o mais breve possível, haja vista a refratariedade aos tratamentos instituídos, a piora do sono e da alimentação, além de acelerar o risco das complicações do quadro herniário, em decorrência do aumento da pressão intra-abdominal", acrescenta o laudo.

A hérnia inguinal ocorre quando uma parte do intestino ou tecido abdominal se projeta por um ponto fraco ou abertura na parede muscular da virilha, formando uma protuberância. Mais comum em homens, a hérnia pode ser congênita ou adquirida por esforço, tosse crônica, idade ou fraqueza muscular. A condição pode causar dor ou desconforto, sendo necessário procedimento cirúrgico.

Os peritos fizeram uma cronologia dos exames feitos pelo ex-presidente nos últimos meses.

"O periciando vem se queixando de soluços frequentes e de desconforto inguinal. Em 16/08/2025, o exame tomográfico do abdome não havia detectado alterações herniárias na parede abdominal. Em 07/11/2025 foi descrito em relatório o quadro de hérnia inguinal unilateral, realizado clinicamente, e que se manteve no relatório de 09/12/2025. A ultrassonografia de 14/12/2025 e o exame físico realizado por esses peritos signatários confirmaram o diagnóstico de hérnia inguinal bilateral", afirma a junta de peritos.

Os especialistas da PF afirmam que a recomendação é pela cirurgia, pois a hérnia costuma provocar complicações e ter "aumento progressivo'.

"Apesar de existir uma possibilidade segura de tratamento não operatório (conservador/“espera vigilante”), a maioria dos cirurgiões recomenda a intervenção cirúrgica quando da descoberta de uma hérnia inguinal, pois sua história natural é de aumento progressivo e enfraquecimento da parede circundante - com potencial complicação de encarceramento e estrangulamento –, além da morbidade e mortalidade pós-operatória ser baixa", diz o texto.

Relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes liberou os exames na Superintendência para avaliar o quadro de saúde do ex-presidente, após a defesa dele apresentar um pedido relacionado à necessidade de realização de cirurgias.

Na petição, os advogados afirmaram que Bolsonaro precisa se submeter às cirurgias tanto para tratamento de hérnia inguinal quanto por causa do quadro de soluços persistentes, além de outras complicações associadas às condições de saúde dele.

Condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por envolvimento na trama golpista do 8 de janeiro, o ex-presidente está preso em regime fechado na sede da Polícia Federal, em Brasília, desde novembro.