Poder e Governo

Sóstenes afirma que dinheiro encontrado em flat é proveniente da venda de imóvel

Deputado do PL diz que R$ 430 mil apreendidos pela PF têm origem lícita e nega envolvimento com corrupção.

Agência O Globo - 19/12/2025
Sóstenes afirma que dinheiro encontrado em flat é proveniente da venda de imóvel
Deputado Sóstenes Cavalcante - Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, declarou que os R$ 430 mil em dinheiro vivo apreendidos pela Polícia Federal durante operação realizada nesta manhã são provenientes da venda de um imóvel.

— O valor encontrado é oriundo de contrato limpo, venda de um imóvel. Quem quer viver de dinheiro de corrupção não mantém dinheiro lacrado — afirmou Sóstenes.

O montante foi localizado dentro de um saco de lixo, guardado no armário do flat alugado pelo parlamentar em Brasília.

O deputado reside em um complexo de hotéis e escritórios, situado ao lado da sede do PL e do Posto da Torre, local que ficou conhecido por dar nome à Operação Lava Jato.

Além de Sóstenes, o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) também é alvo de mandados de busca e apreensão. No total, a Polícia Federal cumpre sete ordens judiciais, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no Distrito Federal e no estado do Rio de Janeiro.

De acordo com a investigação, “agentes políticos, servidores comissionados e particulares teriam atuado de forma coordenada para o desvio e posterior ocultação de verba pública”. A apuração indica que os recursos desviados eram repassados a empresas de fachada e, posteriormente, submetidos a mecanismos de lavagem de dinheiro. Assessores dos dois parlamentares teriam movimentado milhões de reais.

A investigação apura possíveis crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Nas redes sociais, Jordy afirmou ser alvo de uma "perseguição implacável" e de "pesca probatória". Em declaração ao jornal O Globo, ele acrescentou: "não cabe ao parlamentar fiscalizar a frota ou a estrutura interna da empresa contratada, mas sim contratar o serviço mais eficiente e pelo menor custo, como sempre fiz". Sóstenes foi procurado, mas ainda não se manifestou sobre o caso.

Em dezembro do ano passado, a Polícia Federal já havia realizado uma operação de busca e apreensão em endereços ligados a assessores dos deputados. A ação investigava o desvio de cota parlamentar por meio de contratos falsos com locadoras de veículos. A operação foi batizada de “Rent a Car”, em referência ao suposto esquema, no qual uma empresa de locação era utilizada para simular a prestação de serviços.

Segundo os investigadores, agentes públicos e empresários teriam firmado um “acordo ilícito para o desvio de recursos públicos oriundos de cotas parlamentares” a partir desses contratos.

Levantamento realizado pelo jornal O Globo aponta que, ao longo do ano passado, os gastos do parlamentar Sóstenes ultrapassaram R$ 137,9 mil, enquanto a média das despesas de outros deputados com essa categoria foi de aproximadamente R$ 76,8 mil.

Já as despesas de Carlos Jordy com aluguel de carros totalizaram R$ 65,4 mil, valor abaixo da média geral e da média do partido.