Poder e Governo

Alvo da PF, Jordy afirma que operação busca intimidar a oposição

Deputado é investigado por suposto desvio de cota parlamentar por meio do aluguel de veículos

Agência O Globo - 19/12/2025
Alvo da PF, Jordy afirma que operação busca intimidar a oposição
Carlos Jordy (PL-RJ) - Foto: Vinicius Loures / Câmara dos Deputados

O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) foi alvo de uma operação da Polícia Federal nesta sexta-feira (14) e declarou que a ação busca "intimidar" a oposição. A investigação apura suspeitas de desvio de cota parlamentar por meio do aluguel de veículos, benefício ao qual os parlamentares têm direito. Os gabinetes de Jordy e do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), são investigados.

"Não cabe ao parlamentar fiscalizar a frota ou a estrutura interna da empresa contratada, mas sim contratar o serviço mais eficiente e pelo menor custo, como sempre fiz. É inadmissível, em uma democracia, que a Polícia Federal seja usada para intimidar parlamentares da oposição. Buscas contra deputados exigem indícios concretos de crimes graves e a atuação de autoridades imparciais", afirmou Jordy.

A operação foi autorizada pelo ministro Flávio Dino, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).

Dinheiro vivo apreendido

No total, sete mandados de busca e apreensão foram expedidos pelo STF e cumpridos no Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Em um endereço ligado a Sóstenes, em Brasília, a PF encontrou R$ 430 mil em dinheiro vivo. A ação foi batizada de "Galho Fraco".

Segundo a Polícia Federal, "agentes políticos, servidores comissionados e particulares teriam atuado de forma coordenada para o desvio e posterior ocultação de verba pública". A investigação apura possíveis crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Nas redes sociais, Jordy alegou ser alvo de "perseguição implacável" e de "pesca probatória". Sóstenes foi procurado, mas não se manifestou até o momento.

De acordo com os investigadores, o dinheiro desviado era transferido para empresas de fachada, que promoviam a lavagem dos recursos. Assessores dos dois parlamentares teriam movimentado milhões de reais, segundo a PF.

Desdobramentos anteriores

Um ano antes dessa operação, a Polícia Federal já havia cumprido mandados de busca e apreensão contra assessores dos deputados. Na ocasião, a ação foi denominada "Rent a Car", em referência ao suposto esquema no qual uma empresa de locação de veículos simulava contratos de prestação de serviços. Ainda segundo a PF, agentes públicos e empresários teriam firmado um "acordo ilícito para o desvio de recursos públicos oriundos de cotas parlamentares".

Gastos sob investigação

Levantamento feito pelo jornal O Globo aponta que, ao longo de 2023, os gastos do parlamentar Sóstenes Cavalcante com aluguel de veículos ultrapassaram R$ 137,9 mil, enquanto a média dos demais deputados nessa categoria foi de aproximadamente R$ 76,8 mil. Já Carlos Jordy gastou R$ 65,4 mil com aluguel de carros, valor abaixo da média geral e da bancada do PL.