Poder e Governo

Lula mobiliza ministros para garantir apoio a Messias no Supremo

Ministro-chefe da AGU enfrenta resistência de parlamentares do Centrão e da direita

Agência O Globo - 17/12/2025
Lula mobiliza ministros para garantir apoio a Messias no Supremo
Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitou a seus ministros que entrem em contato com senadores para pedir apoio à indicação de Jorge Messias, advogado-geral da União, à vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF). Messias depende da aprovação do Senado, onde enfrenta resistência de parte dos parlamentares.

— Todo o mundo que puder, por favor, quem tiver um senador amigo não deixe de ligar para desejar feliz Natal e pedir voto para o Messias — afirmou Lula, ao encerrar a última reunião ministerial de 2025.

Lula defendeu a escolha do ministro-chefe da AGU, destacando seu mérito e trajetória profissional.

— Não indiquei o Messias porque ele é meu amigo, indiquei porque ele é um grande advogado e o país tem gratidão pelo que ele fez em defesa da presidenta Dilma Rousseff. Desde então, ele permanece leal. Só para esclarecer: a indicação dele é por mérito, não por amizade pessoal — enfatizou o presidente. Messias é considerado pupilo da ex-presidente Dilma Rousseff.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), cuja preferência era pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga no STF, tentou agendar a sabatina de Messias para 10 de dezembro. No entanto, precisou recuar porque o Planalto ainda não enviou ao Congresso a mensagem presidencial formalizando a indicação. Com isso, o governo ganhou mais tempo para que Messias se reunisse com parlamentares e buscasse reduzir as resistências ao seu nome.

Servidor público de carreira, Messias já atuou como procurador do Banco Central e da Fazenda Nacional. Envolvido no movimento sindical das carreiras da AGU, também trabalhou no Ministério da Educação, na gestão de Aloizio Mercadante, onde foi secretário de Regulação. Foi nesse período que se aproximou de lideranças do PT.

No governo Dilma, Messias ocupou o cargo de subchefe de Assuntos Jurídicos e esteve ao lado da ex-presidente em um dos momentos mais delicados do PT no Palácio do Planalto. Seu nome ganhou projeção nacional após uma interceptação telefônica de conversa entre Lula e Dilma, divulgada durante a Operação Lava Jato, em março de 2016.

Na ocasião, Dilma informou a Lula que enviaria, por meio de “Bessias”, um termo de posse para que ele assinasse e assumisse o cargo de ministro da Casa Civil. A interceptação foi realizada após ordem do então juiz Sergio Moro para interromper as gravações, o que levou o Supremo Tribunal Federal (STF) a considerar a divulgação ilegal.