Poder e Governo
Flávio Bolsonaro busca apoio de empresários da Faria Lima em almoço reservado
Senador e pré-candidato à Presidência intensifica diálogo com representantes do mercado financeiro
O senador Flávio Bolsonaro, pré-candidato à Presidência da República, tem intensificado sua aproximação com empresários e investidores da Faria Lima, buscando reduzir a desconfiança do mercado financeiro e demonstrar viabilidade política além do núcleo tradicional do bolsonarismo.
Nesta quarta-feira, Flávio viajou para São Paulo para participar de um almoço fechado com cerca de 40 empresários, evento descrito por sua assessoria como um “encontro com o mercado”. O encontro ocorreu na residência do empresário Gabriel Rocha, sem a presença da imprensa e com lista restrita de convidados.
Gabriel Rocha é sobrinho de Flávio Rocha, presidente do conselho do Grupo Guararapes, controlador da Riachuelo. Flávio Rocha é conhecido por sua proximidade histórica com o ex-presidente Jair Bolsonaro, sendo um dos empresários mais identificados com o bolsonarismo no governo anterior.
Aliados do senador avaliam que o ambiente privado favorece a interlocução com um mercado ainda reticente em relação à candidatura de Flávio.
Esta não é a primeira tentativa de aproximação com investidores. Na semana passada, Flávio participou de um almoço com empresários na sede do UBS, também em São Paulo, buscando atrair nomes da órbita do governador paulista Tarcísio de Freitas. O encontro reuniu cerca de 40 convidados e foi visto como um primeiro esforço para apresentar o senador ao empresariado da capital.
A ofensiva sobre a Faria Lima ocorre após manifestações de resistência do setor financeiro. No dia do anúncio da pré-candidatura, o dólar subiu fortemente e a Bolsa recuou, movimento associado por agentes do mercado ao aumento da incerteza política. Desde então, Flávio tem sido visto como um nome pouco testado, com dúvidas sobre sua previsibilidade institucional, governabilidade e capacidade de articulação ampla.
Segundo relatos, nas conversas com empresários, o senador tem reforçado o compromisso de dar continuidade ao modelo econômico do governo Bolsonaro, com ajuste fiscal, redução de impostos e menor intervenção do Estado. Flávio também busca se apresentar como o “Bolsonaro mais moderado” da família, destacando sua maior experiência política em relação ao pai ao assumir a Presidência em 2019.
Essa aproximação com investidores é interpretada como resposta às resistências que Flávio enfrenta em outros setores estratégicos. Caciques do Centrão, representantes do agronegócio, líderes evangélicos e integrantes da bancada da segurança pública mantêm cautela sobre sua capacidade eleitoral e continuam apontando Tarcísio como nome mais competitivo para enfrentar Lula em 2026.
Nesse cenário, aliados acreditam que conquistar respaldo do mercado financeiro pode funcionar como um selo de viabilidade política, ajudando Flávio a reduzir seu isolamento dentro da própria direita.
A pesquisa Genial/Quaest, divulgada ontem, reforça esse contexto. No cenário de segundo turno, Lula aparece com 46% das intenções de voto, contra 36% de Flávio. No mesmo recorte, o petista tem 45%, enquanto Tarcísio soma 35%. O desempenho superior ao do governador paulista passou a ser citado por aliados como argumento para fortalecer a candidatura do senador.
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