O senador Flávio Bolsonaro (PL), pré-candidato à presidência, manifestou dúvidas sobre a conveniência de ter sua imagem associada ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A declaração foi dada em entrevista ao canal LeoDias TV, poucos dias após o governo americano confirmar a retirada do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, da lista de sancionados pela Lei Magnitsky. O anúncio foi recebido "com pesar" por Eduardo Bolsonaro, irmão de Flávio e atualmente residindo nos EUA.

Flávio negou que a decisão americana represente enfraquecimento do grupo político da família Bolsonaro e defendeu a atuação de Eduardo no exterior. "As sanções impostas ao Brasil e a Lei Magnitsky não foram manipuladas pelo Eduardo. Os interesses do Trump sempre estiveram ligados a empresas e cidadãos americanos perseguidos por Moraes. Acreditar que o Eduardo manipula o Trump não faz sentido. Nem sei se é bom ter Trump colado com a minha imagem", afirmou.

O Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos EUA publicou o comunicado da remoção, sem detalhar os motivos. A decisão ocorre em meio à reaproximação entre a gestão de Donald Trump e o governo Lula. Moraes foi incluído na lista de sancionados em julho, no mesmo dia em que Trump anunciou um tarifaço de 50% sobre exportações brasileiras.

Na ocasião, a motivação alegada foi a atuação de Moraes na ação penal sobre a trama golpista que resultou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão. O governo Trump acusava Moraes de conduzir uma "caça às bruxas" contra Bolsonaro. A retirada das sanções foi alvo de críticas de apoiadores do ex-presidente nas redes sociais, que se sentiram "abandonados" pelas autoridades americanas.

Durante a entrevista, Flávio também comentou sobre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), dizendo que ele estava "claramente desconfortável" ao aplaudir Alexandre de Moraes em evento recente. Questionado se apoiaria Tarcísio como adversário de Lula em 2026, Flávio ressaltou: "Eu acho o Tarcísio um cara fenomenal. Mas, sinceramente, quando vejo a cara dele, está completamente desconfortável. Não é um aplauso de concordância, é protocolar. Eu não aplaudiria, teria levantado e ido embora".

O episódio ocorreu no lançamento do SBT News, onde Tarcísio defendeu a importância do debate político e da construção de convergências. Durante o discurso de Moraes, Tarcísio foi flagrado aplaudindo timidamente uma fala sobre a retirada das sanções da Lei Magnitsky pelo governo Trump. As sanções foram articuladas por Eduardo Bolsonaro como tentativa de pressionar o STF, especialmente Moraes, relator do processo sobre a trama golpista.

Em sua fala, Moraes declarou: "A verdade venceu hoje. Em julho, quando o Supremo tratou das sanções contra o Judiciário brasileiro, pedi ao presidente que não tomasse nenhuma medida, pois acreditava que, ao chegar às autoridades norte-americanas, a verdade prevaleceria".