Poder e Governo

Clã Barbalho se fortalece após a COP30, enquanto Sabino tenta se cacifar ao Senado pelo Pará

Helder se lançou a senador, mas ainda tem expectativa de ser vice de Lula; ministro busca partido após expulsão do União

Agência O Globo - 14/12/2025
Clã Barbalho se fortalece após a COP30, enquanto Sabino tenta se cacifar ao Senado pelo Pará
Celso Sabino - Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Os investimentos públicos e as novas obras inauguradas em Belém após a COP30 impulsionaram lideranças políticas no Pará. A família Barbalho, que já ocupa posições estratégicas no governo federal, no Senado e na Câmara dos Deputados, além de comandar o Executivo estadual, articula-se para ampliar seu poder nas eleições de 2026.

Enquanto isso, o ministro do Turismo, Celso Sabino, também ganhou destaque durante a conferência internacional. Ele busca viabilizar sua candidatura ao Senado, mas enfrenta a resistência dos Barbalho, que preferem vê-lo disputar a reeleição para deputado federal pelo MDB.

Segundo pesquisa AtlasIntel realizada durante a COP, 72,6% dos paraenses acreditam que o evento deixará um legado positivo. Obras como novos parques, pavimentações, aberturas de vias e macrodrenagens receberam aprovação massiva da população.

Após cogitar ser vice de Lula em uma eventual reeleição, o governador Helder Barbalho (MDB) confirmou sua candidatura ao Senado. Seu irmão, Jader Barbalho Filho, ministro das Cidades, deve concorrer à Câmara dos Deputados, enquanto a mãe, Elcione Barbalho (MDB), planeja disputar uma vaga na Assembleia Legislativa estadual. Helder ocuparia no Senado a vaga do pai, Jader Barbalho, que planeja se aposentar da vida pública. Para a segunda vaga ao Senado, os Barbalho devem apoiar o deputado estadual Chicão Melo (MDB), presidente da Assembleia Legislativa.

Celso Sabino, por sua vez, demonstra fidelidade ao governo estadual e a Lula. Após recusar a orientação do União Brasil de deixar o governo, foi expulso do partido e agora busca uma nova legenda para concorrer em 2026. Sabino afirma que há "zero chance" de disputar a Câmara, reiterando o desejo de disputar o Senado.

— Nossa prioridade é a reeleição do presidente Lula. Depois disso, queremos formar uma bancada no Senado que garanta tranquilidade aos projetos do governo e à democracia. Vemos espaço para perfis mais dinâmicos, jovens e com experiência de gestão — afirmou Sabino.

A definição do novo partido depende do compromisso com a reeleição de Lula e da garantia de candidatura ao Senado. O PSB, partido do prefeito de Ananindeua, Dr. Daniel Santos — principal adversário dos Barbalho —, surge como possível destino, embora não confirmado por Sabino.

Dr. Daniel é pré-candidato ao governo do Pará e rivaliza com Hana Ghassan, vice de Helder e favorita à sucessão. Do lado bolsonarista, o deputado federal Eder Mauro (PL) aparece como nome forte nas pesquisas, mas ainda há incertezas sobre sua candidatura.

Se Sabino for para o PSB, o cenário pode ter três candidaturas ao Senado alinhadas ao governo federal: Helder, Chicão Melo e Celso Sabino.

O PT estadual decidiu manter a aliança com Helder e não lançar candidatura própria ao Senado, já que conta com o senador Beto Faro (PT), cujo mandato segue até 2030. O partido de Lula tenta ainda indicar o deputado estadual Dirceu Ten Caten como vice na chapa ao governo.

Beto Faro, presidente do PT no Pará, reforça a importância da aliança com Helder e a busca por unidade no Senado para apoiar Lula:

— Não tem como o PT não estar na chapa majoritária, inclusive para facilitar entendimentos no Senado e para que, no seu quarto mandato, Lula possa ter todos os senadores do Pará com ele. Nossa aliança com o governo Helder segue firme.

Uma mudança no cenário seria o MDB indicar o vice na chapa de Lula. Nesse caso, Helder poderia voltar a ser opção para compor a chapa presidencial, possibilidade que perdeu força após a crise de hospedagem nos preparativos da COP.