Poder e Governo

Ausência do Centrão foi decisiva para rejeição da cassação de Zambelli

Partidos de centro contabilizaram 67 ausências; faltaram 30 votos favoráveis para deputada ser cassada

Agência O Globo - 11/12/2025
Ausência do Centrão foi decisiva para rejeição da cassação de Zambelli
Plenário da Câmara dos Deputados - Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

A elevada ausência de deputados dos principais partidos do Centrão foi determinante para que o plenário da Câmara rejeitasse a cassação do mandato de Carla Zambelli (PL-RJ). O parecer do deputado Cláudio Cajado (PP-BA), que recomendava a cassação, obteve 227 votos, ficando 30 abaixo dos 257 necessários para a perda do mandato.

Os partidos PP, União Brasil, Republicanos, PSD e MDB, que integram a base de apoio ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), somaram 69 ausências. No detalhamento, foram 12 ausentes no PP, 15 no União Brasil, 18 no PSD, nove no Republicanos e 15 no MDB — número suficiente para alterar o resultado da votação.

Essas legendas costumam atuar em bloco, alinhadas com Motta. A votação, que analisou o futuro político de Zambelli, avançou pela madrugada e foi concluída por volta da 1h.

Condenada pelo Supremo Tribunal Federal, Zambelli está presa desde julho, após ser detida em Roma devido à inclusão de seu nome na difusão vermelha da Interpol. Ela deixou o Brasil após esgotar os recursos na ação penal que investigou a invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça.

O STF comunicou formalmente à Mesa Diretora da Câmara a determinação de perda imediata do mandato, em conformidade com jurisprudência da Corte desde o caso do ex-deputado Daniel Silveira. Apesar disso, o plenário rejeitou a cassação, descumprindo de forma explícita a ordem judicial.

O episódio deve ter novos desdobramentos jurídicos: o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), anunciou que irá acionar o STF por meio de mandado de segurança, buscando obrigar a Mesa Diretora a cumprir a decisão.