Poder e Governo

Gabinete de Zambelli, presa e com mandato mantido, custa mais de R$ 100 mil por mês

Deputada foi condenada pelo STF, que determinou cassação automática; Câmara, contudo, bateu de frente com a decisão

Agência O Globo - 11/12/2025
Gabinete de Zambelli, presa e com mandato mantido, custa mais de R$ 100 mil por mês
Imagem ilustrativa gerada por inteligência artificial - Foto: Nano Banana (Google Imagen)

Condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e presa na Itália, país para o qual havia fugido, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) mantém um gabinete que custa à Câmara dos Deputados mais de R$ 100 mil mensais. Nesta quinta-feira, a Casa contrariou a decisão do STF sobre a cassação automática do mandato.

Em outubro, mesmo com a ausência física de Zambelli, o gabinete dela gerou despesas de R$ 103,2 mil, valor destinado ao pagamento de servidores e à manutenção da estrutura. A deputada, entretanto, não recebeu salários, pois a remuneração foi suspensa após a revelação de sua situação no exterior.

Se os gastos permanecerem nesse patamar, as despesas com o gabinete da parlamentar presa poderão ultrapassar R$ 1 milhão até o fim do mandato, já que resta mais de um ano para o encerramento da legislatura.

Zambelli foi condenada a dez anos de prisão por comandar uma invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A sentença tornou-se definitiva em junho. Na madrugada de quarta para quinta-feira, a Câmara dos Deputados contrariou a decisão de perda automática do mandato, determinada pelo STF.

No despacho que determinou a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro Alexandre de Moraes destacou que a fuga do país por Zambelli, Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi um dos fatores que justificaram a necessidade de manter Bolsonaro em regime fechado.

“Não bastassem os gravíssimos indícios da eventual tentativa de fuga do réu Jair Messias Bolsonaro acima mencionados, é importante destacar que o corréu Alexandre Ramagem Rodrigues, a sua aliada política Carla Zambelli, ambos condenados por esta Suprema Corte, e o filho do réu, Eduardo Nantes Bolsonaro, denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no Supremo Tribunal Federal, também se valeram da estratégia de evasão do território nacional, com objetivo de se furtar à aplicação da lei penal”, escreveu Moraes.