O plenário da Câmara dos Deputados decidiu, ontem, pela suspensão do mandato do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) por dois meses, livrando-o da cassação, que era considerada certa até o início da tarde. Durante o período de suspensão, a cadeira será ocupada pela ex-senadora Heloísa Helena, uma das fundadoras do PSOL. O partido foi criado em 2004, após Heloísa deixar o PT em razão de divergências internas. Nos últimos anos, ela também tem disputado espaço dentro da Rede Sustentabilidade com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Nascida em Pão de Açúcar, no sertão de Alagoas, Heloísa iniciou sua trajetória política como vice-prefeita de Maceió, em 1992, então filiada ao PT. Dois anos depois, foi eleita deputada estadual por Alagoas. Em 1998, conquistou uma vaga no Senado Federal. Nos anos seguintes, foi expulsa do PT após criticar a agenda econômica e as reformas do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em resposta, fundou o PSOL em 2004.

Em 2006, Heloísa foi escolhida como candidata do PSOL à Presidência da República, obtendo 6,57 milhões de votos e ficando em terceiro lugar, com 6,85% do total. Em 2013, deixou o partido e se filiou à Rede Sustentabilidade, sigla da qual foi uma das fundadoras ao lado de Marina Silva.

No pleito nacional de 2022, já residindo no Rio de Janeiro, Heloísa buscou uma vaga como deputada federal, mas ficou como suplente da federação Rede-PSOL. No ano passado, tentou uma vaga na Câmara dos Vereadores do Rio, mas também ficou como suplente.

Mesmo sem mandato, Heloísa mantém influência na Rede e disputa com Marina Silva a indicação de aliados para cargos de direção partidária. No 6º Congresso Nacional da legenda, o principal nome do grupo de Marina, Giovanni Mockus, foi derrotado pela ala liderada por Heloísa, que emplacou o secretário de Relações Institucionais de Belo Horizonte, Paulo Lamac, na direção do partido. Em contrapartida, aliados de Marina também conquistaram cargos na sigla.