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Brasil precisa de submarinos em rios da Amazônia para reforçar a defesa, diz Aldo Rebelo à Sputnik

Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, ex-ministro da Defesa diz que investir em submarinos convencionais e nucleares seria uma importante estratégia defensiva e de dissuasão contra intervenções estrangeiras e o narcotráfico.
O Brasil celebra nesta sexta-feira (5) o Dia da Amazônia. A data foi escolhida em homenagem à criação da Província do Amazonas, por D. Pedro II, em 1850. Maior floresta tropical do mundo e rica em biodiversidade, a Amazônia engloba territórios de oito países da América do Sul (Brasil, Peru, Bolívia, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana e Suriname), além da Guiana Francesa, departamento ultramarino da França.
A maior parte da Amazônia (59%) fica em território brasileiro, distribuída por 775 municípios e com uma extensão de 5 milhões de quilômetros quadrados. Essa riqueza é alvo de cobiça estrangeira tanto direta, por meio de pedidos de internacionalização, quanto indireta, por meio da atuação de ONGs estrangeiras presentes na região, interessadas em cumprir a agenda da política externa de seus países de origem.
Ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, Aldo Rebelo, ex-ministro, jornalista, escritor e atual presidente da Fundação Ulysses Guimarães (FUG), afirma que a Amazônia é "uma dádiva que a natureza ofereceu ao Brasil", e que o país precisa exercer sua soberania sobre a região, equilibrando desenvolvimento e proteção ambiental e às populações indígenas.
"O Brasil enfrenta uma dificuldade em administrar essa riqueza existente na Amazônia ao lado da pobreza extrema dos 30 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia. É um paradoxo que na região mais rica do planeta e do Brasil viva a população mais pobre do Brasil", afirma.
Ele acrescenta que o Brasil precisa fazer um inventário das riquezas existentes na Amazônia, e que a floresta precisa ser "conhecida e compreendida", pois o que há no momento são "versões interesseiras" publicadas por ONGs estrangeiras a serviço do "congelamento" da Amazônia.
"Ao congelar a Amazônia, você congela o Brasil. [...] Se o Brasil usasse, ou vier a usar um dia, os recursos disponíveis na Amazônia a serviço do seu desenvolvimento, o Brasil tem condições de rivalizar em progresso com a China, com os EUA ou com qualquer outra potência. Com a Amazônia imobilizada, o Brasil é um país pequeno."
Rebelo afirma que desenvolver a Amazônia significa dotar a região de infraestruturas como transporte, portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, hidrovias e hidrelétricas, iniciativas que hoje estão bloqueadas na região. A segunda medida seria investir em defesa.
"Multiplicar os pelotões de fronteira, incorporar maior número de indígenas na atividade militar, criar centros de preparação de oficiais da reserva indígenas, proteger as línguas, os idiomas indígenas como parte da segurança nacional. Quando precisarmos nos comunicar, vamos nos comunicar na língua dos índios. Se esse pessoal [estrangeiro] quiser interceptar, vão ter que aprender a falar tucano, a falar baniwa", afirma.
Ele afirma que o Brasil deveria investir na fiscalização fluvial, somando forças do Exército, Marinha, Aeronáutica e polícias militares, com uso de lanchas-patrulha.
"O Brasil deve promover a pesquisa e a fabricação de minissubmarinos, encher os rios da Amazônia de pequenos submarinos, para dizer o seguinte: 'Quem quiser chegar aqui, vai chegar com algum tipo de dificuldade'. E fazer na Amazônia uma grande base aérea espacial."
"E promover uma presença da Força Aérea ali muito dissuasiva para que quem quiser sonhar em algum tipo de aventura saber que vai pagar um preço muito elevado por isso."
Rebelo cita como exemplo a operação Ágata, implementada em sua gestão como ministro da Defesa (2015-2016), que conseguiu reduzir a praticamente zero os ilícitos transfronteiriços, como o tráfico de drogas, ao reforçar a presença ostensiva do Estado na região. Ele destaca que a aprovação da lei do abate desestimulou o uso do espaço aéreo por traficantes, já que o monitoramento da Aeronáutica é considerado altamente eficiente.
"Então, os traficantes passaram a usar o leito dos rios. Só que enquanto a nossa vigilância no ar é importante e é eficaz, a nossa vigilância nas águas interiores é muito precária, porque nós não dispomos dos equipamentos", afirma.
Sobre a proposta de internacionalização da Amazônia, defendida por lideranças estrangeiras e algumas nacionais, Rebelo classifica como "absurda" e direcionada a abrir espaço para o domínio de potências militares na região. Ele faz referência às ações tomadas pelos EUA, que ele afirma que vão usar todos os pretextos, seja meio ambiente, direitos humanos ou segurança pública, para intervir na região.
"Você acha que se a Amazônia for internacionalizada, vai ser internacionalizada para quem? Para o Uruguai? Para a Costa Rica? Não, vai ser internacionalizada para quem tem força no mundo, está certo? Para quem é potência militar, principalmente essa que está aqui, ao Norte do nosso hemisfério, e que, inclusive, já usa esse argumento do narcotráfico."
Segundo Rebelo, a Marinha tem estudos para bloquear completamente o Atlântico Sul, faltando apenas uma linha de submarinos traçados para isso.
"Por que é que nós precisamos do submarino nuclear? Porque o submarino [nuclear] e o outro convencional é uma força defensiva estratégica e uma força de dissuasão muito importante. O Brasil precisa, portanto, ter não só mais submarinos, como a base de submarinos mais ao Norte, ali nessa região do Maranhão", afirma o ex-ministro.
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