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Violência contra a mulher: unidades da Rede Sesa promovem serviços de acolhimento e atendimento a vítimas

A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) se engaja no enfrentamento dos mais diversos tipos de violência contra a mulher por meio de serviço de atendimento e suporte às vítimas que, muitas vezes, não sabem a quem recorrer. A Rede Ponto de Luz abrange diversas unidades e atua na promoção de acolhimento, orientação e assistência a pessoas em situação de violência sexual e/ou doméstica. Hospitais e unidades especializadas promovem acolhimento humanizado, sigiloso e imediato, com assistência médica, psicológica e social.
A mulher que traz consigo o peso de uma violência que marcou seu corpo e sua história, encontra um espaço seguro, por exemplo, ao cruzar as portas do Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC). Lá, o silêncio é respeitado, a dor é compreendida e os direitos são garantidos. Assim é o Programa Vitória-régia, que atua de forma humanizada, acolhedora e transformadora, com equipe multiprofissional.
Vitória-régia: quando o acolhimento floresce em meio à dor
Iniciado em 2022 como projeto, o Vitória-régia tornou-se programa consolidado no HGCC. Desde então, vem se destacando pelo cuidado integral oferecido às mulheres, a partir de 12 anos, vítimas de violência sexual ou doméstica.
“O que oferecemos aqui vai além do atendimento técnico. Criamos um espaço de segurança real. A mulher que chega aqui precisa sentir que está segura, não apenas ser informada disso. E nós garantimos isso com estrutura, escuta e respeito”, explica Maria Delfino, assistente social do programa.
O programa disponibiliza uma série serviços, como acolhimento sigiloso e humanizado; acompanhamento psicológico, social, ginecológico e obstétrico; interrupção legal da gravidez, quando a gestação for decorrente de estupro, conforme previsto na legislação brasileira; encaminhamento para entrega legal para adoção, em parceria com o Ministério Público; acompanhamento por até seis meses, de acordo com a decisão e escolha de cada mulher; inclusão em programas de planejamento familiar, no próprio HGCC, para garantir autonomia e respeito aos direitos reprodutivos das mulheres.
Desde a sua criação, o Vitória-régia mostra um crescimento significativo na procura e no impacto. Em 2022, foram 4 mulheres atendidas; no ano seguinte, esse número foi de 20 atendimentos; em 2024, foram 34 mulheres atendidas; e até agosto de 2025, 41 mulheres já receberam acolhimento.
O aumento, segundo Delfino, também se deve à visibilidade do serviço. “Muitas mulheres descobrem o programa ao pesquisarem na internet sobre aborto legal em Fortaleza. O nome do HGCC aparece como referência. Isso mostra o quanto o serviço está se tornando conhecido e, mais importante, acessível”, relata.
Sala exclusiva de acolhimento

O atendimento é humanizado, sigiloso e de apoio multiprofissional
O ambiente onde o atendimento é realizado no HGCC é cuidadosamente estruturado para oferecer conforto e proteção. “Algumas chegam em pânico e dizem: ‘eu preciso de um espaço seguro’. E nós imediatamente a levamos para a sala de acolhimento. Lá, ela encontra silêncio, escuta e respeito. Isso é essencial para que o atendimento aconteça de forma ética e respeitosa”, reforça Delfino. O atendimento é 24 horas. Todos os dias da semana.
Todo o processo é feito com sigilo absoluto. O conteúdo dos documentos é explicado detalhadamente e no tempo da paciente. A mulher assina quando se sente pronta e, acima de tudo, informada. “A maioria não sabe que tem direito à interrupção legal. Chegam com culpa, medo e vergonha. Nosso papel é esclarecer que a culpa não é delas. A violência não foi causada por sua roupa, seu comportamento ou o horário em que estava na rua. É importante ressaltar que a violência foi causada por um agressor”, completa.
Nas UPAs, equipe fica atenta para prestar o atendimento em casos de violência
O olhar dos assistentes sociais que atuam nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) precisa ser apurado e empático nesses casos. “Mulheres que sofrem qualquer tipo de violência, muitas vezes, sentem medo. A equipe de Serviço Social das UPAs realiza o atendimento e oferece as devidas orientações às vítimas”, explica Elizabeth Benício, assistente social da UPA Messejana.
Ao identificar indícios do problema, o assistente social responsável chama a paciente para conversar em uma sala reservada para fazer o acolhimento e entender a situação. Se o médico ou enfermeiro notar sinais, também pode acionar esse profissional.
O medo de denunciar é recorrente nas vítimas, por isso o acolhimento e a escuta são fundamentais para que elas se sintam mais tranquila. “O atendimento ocorre de forma acolhedora, sigilosa e articulada com a rede de proteção”, diz Elizabeth.
O assistente social atua de forma central na escuta qualificada, conforme exigências legais e no encaminhamento protegido a serviços especializados”, acrescenta a assistente social Izabel Guedes. Em casos de violência, procurar a unidade mais próxima de casa é o mais indicado. Ela reforça que o acolhimento deve vir de todos os profissionais, desde a recepção, até a assistência.
Após o momento de acolhida e escuta, há articulação da equipe do Serviço Social com os equipamentos da política de assistência social e da justiça para dar continuidade no acompanhamento à paciente e à família. A parceria existe com diversos equipamentos de Política de Assistência Social.
“A atuação integrada do serviço social da UPA com os órgãos competentes em defesa da mulher é essencial para garantir proteção, acesso à justiça e acompanhamento contínuo às mulheres vítimas de violência”, finaliza a assistente social Diana Leda. O plantão do Serviço Social nas UPAs estaduais funciona diariamente, a partir das 7h até as 19h.
O que fazer em caso de violência?
Se você ou alguém que você conhece for vítima de violência sexual ou doméstica, procure:
Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC)Avenida Imperador, 545, Centro, Fortaleza – CE(85) 3125.9796Atendimento 24 horas
Outros canais:
Disque 180 – Central de Atendimento à MulherDisque 100 – Violência contra crianças e adolescentesDelegacias de Defesa da Mulher, em Fortaleza e municípios
UPA Praia do FuturoR. Júlia Silva, 440Telefone do Serviço Social: (85) 3265-2178
UPA MessejanaR. Miguel Gurgel, S/NTelefone do Serviço Social: (85) 3459-0734
UPA Autran NunesAv. Senador Fernandes Távora, 2433Telefone do Serviço Social: (85) 3290-4158
UPA CanindezinhoR. José Dantas, 447Telefone do Serviço Social: (85) 3469-3173
UPA José WalterAv. Presidente Costa e SilvaTelefone do Serviço Social: (85) 3473-7918
UPA Conjunto Ceará3ª etapa da Rua Oitocentos e Cinquenta e SeisTelefone do Serviço Social: (85) 3294-9714
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