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Defesa de Bolsonaro aposta em 2 eixos: técnico e político

Advogados negaram envolvimento do ex-presidente com golpe

Redação ANSA 03/09/2025
Defesa de Bolsonaro aposta em 2 eixos: técnico e político
Vigília pró-Bolsonaro em Brasília - Foto: ANSA/EPA

A defesa de Jair Bolsonaro (PL), a mais esperada no processo por tentativa de golpe, nesta quarta-feira (3), se sustentou em dois grandes eixos: o técnico-jurídico, com foco nas supostas "inverdades" da delação premiada de Mauro Cid, e o político, alegando perseguição contra o ex-presidente.

O advogado Celso Vilardi afirmou que Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, "mudou de versão diversas vezes" e que sua colaboração premiada está marcada por "omissões, contradições e mentiras". Para ele, o delator "não é confiável".

Vilardi também declarou que Bolsonaro não tem relação com o suposto plano para eliminar, em 2022, o ministro Alexandre de Moraes e o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tampouco com os atos de 8 de janeiro de 2023. "Não há uma única prova que atrele o presidente ao plano 'Punhal Verde e Amarelo' e ao 8 de janeiro", assegurou.

Na argumentação, Vilardi — advogado reconhecido por sua trajetória em defesas técnicas, tendo atuado inclusive em casos de grandes empresários e de um dirigente do PT — não negou os ataques de 8 de janeiro, o que sugere uma estratégia pragmática para convencer os ministros e reduzir eventual dosimetria da pena.

Já no campo político, o advogado Paulo Bueno, que também integra a defesa de Bolsonaro, acusou o Supremo de atuar embasado em "narrativas" e disse que o julgamento poderá ser visto como forma de perseguição ao movimento conservador.

Segundo Bueno, a ação contra Bolsonaro será "submetida ao tribunal do povo, que certamente não poupará palavras em dizer: o que se está julgando aqui é um movimento político". A fala pode ter sido direcionada não apenas aos ministros, mas também à base política e ao eleitorado fiel do ex-presidente.

Por fim, Bueno comparou o processo no STF ao célebre caso Dreyfus, na França do século 19, quando um capitão do Exército foi condenado injustamente por razões políticas. "Senhores ministros, a absolvição do presidente Bolsonaro é imperiosa para que não tenhamos a nossa versão do caso Dreyfus", afirmou.