Alagoas
Alagoas rompe barreira do silêncio com Central de Intérpretes de Libras

Do parto acessível à apuração de crimes, barreiras do silêncio são rompidas com ações de inclusão em Alagoas. Pessoas surdas, surdocegas e com deficiência auditiva conseguem ser ouvidas no estado, expressando o que sentem. Para isso, a Central de Intérpretes de Libras (CIL), serviço ofertado pela Secretaria de Estado da Cidadania e da Pessoa com Deficiência (Secdef), torna-se a voz dos surdos, possibilitando a comunicação deles com o mundo.
Composta por dez intérpretes qualificados, essa equipe da CIL já fez 480 atendimentos de janeiro a julho deste ano. Além de ser um instrumento que garante igualdade de oportunidades e maior acessibilidade, esse serviço visa fomentar a cultura surda no estado.
CIL ajuda na apuração de crimes
No final do mês passado, a Central de Intérprete de Libras (CIL) foi acionada pela Secretaria de Estado da Segurança Pública para ajudar na apuração de um crime que envolveu uma pessoa surda. A solicitação foi feita Delegacia dos Crimes Contra Criança, do Jacintinho. Para o atendimento desse caso, a CIL mobilizou os intérpretes Matheus Santos, que é surdo, e Dayse Caroline, ouvinte.
A coordenadora da central, Patrícia Lira, disse que o serviço tem recebido solicitações para atender casos de violência que envolvam pessoas surdas. “Essa parceria faz parte da gestão transversal do governo estadual, que visa à atuação conjunta entre as secretárias de Estado para levar serviços de qualidade para a população alagoana”, disse.
Patrícia Lira contou que os intérpretes Matheus Santos e Dayse Caroline acompanharam toda a apuração, desde a chegada do acusado à delegacia, passando pelo Instituto Médico Legal (IML), onde é feito o exame de corpo de delito, até chegar à oitiva.
“A atuação da CIL nessas etapas da investigação visa assegurar que todos os direitos sejam respeitados, bem como evita qualquer comprometimento na apuração dos fatos”, disse.
Intérpretes humanizam parto de gestantes surdas
Do pré-natal ao pós-parto. Em todas as fases da gestante surda, os intérpretes de Libras da CIL estão presentes. “A intérprete atua como um elo de inclusão social, garantindo a comunicação, bem como traduzindo sentimentos e emoções”, explicou Patrícia Lira.
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Foto: Thiago Sampaio
Em fevereiro desse ano, Aline Bastos, que é pessoa surda, foi atendida pelo programa Parto Acessível para dar à luz a Gael Luccas, o terceiro filho dela. A iniciativa é mais uma ação inclusiva do Governo do Estado, desenvolvida pela Secdef. O trabalho visa garantir acessibilidade durante toda a gravidez.
Patrícia Lira explicou que a equipe garantiu toda a comunicação entre a equipe médica e os pais da criança para que participem ativamente de todas as decisões e etapas do parto. O esposo de Aline, Luan Silva, também é surdo.
Secdef fomenta cultura surda
Para fomentar uma comunicação mais inclusiva e acessível no serviço público estadual, a Secdef tem ofertado cursos de Libras Básico I, por meio dos intérpretes da CIL. “Além da inclusão social, as aulas visam à promoção do respeito à diversidade entre os servidores estaduais”, garante Patrícia.

Foto: Arquivo Secdef
O curso de Libras teve início no mês passado e tem duração de três meses. A turma conta com 36 servidores inscritos, incluindo os que integram a Secdef e as secretárias do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag) e da Educação (Seduc), bem como membros da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Alagoas (OAB/AL).
“O curso de Libras tem como finalidade proporcionar ao servidor público uma comunicação básica na Língua Brasileira de Sinais (Libras), além de promover o entendimento sobre a cultura surda e o sujeito surdo, contribuindo para um atendimento mais inclusivo e humanizado nos setores públicos do Estado”, disse Bárbara.
Responsável por ministrar o curso, Matheus explicou que as primeiras aulas se concentrarão em apresentar os fundamentos da Libras e da cultura surda aos participantes. "Nossa intenção inicial é que os servidores se familiarizem com a língua, entendendo sua história, seus principais aspectos culturais e tirando dúvidas que possam surgir", disse.
Setembro é dedicado à comunidade surda
Patrícia Lira ressaltou a importância do mês de setembro para a comunidade surda. “Dedicado à visibilidade, valorização e à luta pelos direitos da comunidade surda no Brasil, esse mês é tido como Setembro Azul. O tom remete à cor escolhida pelo movimento surdo como símbolo de orgulho e identidade cultural”, disse.
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Foto: Pei Fon
Na próxima quinta-feira (10), será celebrado o Dia Mundial das Línguas de Sinais. “O objetivo é promover a conscientização sobre a importâncias das línguas de sinais para a inclusão, bem como para a identidade cultural e para a plena cidadania das pessoas surdas em todo o mundo”, disse Patrícia Lima.
Patrícia Lira ressaltou também 30 de setembro tanto marca o Dia Nacional do Surdo quanto o Dia Internacional do Tradutor e Intérprete de Língua de Sinais. “Embora o Dia Nacional do Surdo seja oficialmente comemorado no dia 26 de setembro, em referência à fundação do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), no Rio de Janeiro, em 1857, o dia 30 de setembro também é amplamente reconhecido no país por sua ligação com a luta global da comunidade surda”, ressaltou.
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