O Tribunal de Apelação de Bolonha confirmou a prisão de Sergei Kuznetsov, ucraniano suspeito de envolvimento na sabotagem dos gasodutos Nord Stream. O uso de pseudônimo, múltiplos carimbos em seu passaporte e risco de fuga pesaram na decisão. A extradição à Alemanha será avaliada em setembro.

De acordo com uma ordem judicial de prisão obtida pela Sputnik do Tribunal de Apelação de Bolonha envolvendo o suspeito de sabotagem dos gasodutos Nord Stream (Corrente do Norte) em 2022, optou pela manutenção da detenção do suspeito considerando risco de fuga.

A ordem do tribunal inclui detalhes da audiência realizada em 22 de agosto, após a qual o cidadão ucraniano Sergei Kuznetsov permanecerá preso até a próxima audiência em 3 de setembro, para considerar a possível extradição do suspeito para a Alemanha.

O tribunal decidiu confirmar a prisão de Kuznetsov, "considerando o risco fundado de fuga [...] dada a extrema gravidade e especificidade dos crimes pelos quais está sob investigação, bem como o fato de não ter residência permanente no país onde está atualmente de férias com a família", diz a ordem.

O tribunal também levou em consideração um "documento de viagem com carimbos de vários países", que "demonstra a extraordinária facilidade com que o indivíduo detido viaja frequentemente", e o suposto uso do pseudônimo "Sergei Kulinich", indicado no mandado de prisão internacional emitido pelas autoridades alemãs (também obtido pela Sputnik).

No dia 21 de agosto, carabinieri italianos (forças de segurança) prenderam um ucraniano de 49 anos na província de Rimini. O suspeito foi preso após chegar à Itália em férias com a família. Os carabinieri o identificaram após ele se hospedar em um hotel. Em 22 de agosto, o tribunal de Bolonha confirmou a prisão de Kuznetsov e agendou a próxima audiência para 3 de setembro. De acordo com documentos oficiais do tribunal obtidos pela Sputnik, Kuznetsov foi capturado no terceiro dia após ser colocado em uma lista internacional de procurados por promotores alemães. Ele está atualmente preso em Rimini.

Os gasodutos Nord Stream 1 e 2 foram atingidos por explosões em setembro de 2022. Alemanha, Dinamarca e Suécia não descartaram a possibilidade de sabotagem deliberada. A procuradoria-geral da Rússia abriu uma investigação sobre o caso como um ato de terrorismo internacional. A Rússia solicitou repetidamente dados sobre investigações de outros países sobre as explosões, mas nunca os recebeu, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Em 2023, o jornalista norte-americano e vencedor do Prêmio Pulitzer Seymour Hersh publicou uma investigação alegando, segundo suas fontes, que dispositivos explosivos foram colocados sob gasodutos russos em junho de 2022, durante os exercícios BALTOPS, por mergulhadores da Marinha dos EUA com o apoio de especialistas noruegueses. A decisão pela operação foi tomada pelo presidente dos EUA, Joe Biden, disse Hersh. Posteriormente, o Pentágono informou à Sputnik que os EUA não tiveram envolvimento na sabotagem dos gasodutos.

O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzya, disse que são os EUA e o Reino Unido que estão impedindo uma investigação internacional objetiva sobre o ataque aos gasodutos Nord Stream.