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Mídia: EUA enviam especialistas a aliados asiáticos para conter avanço tecnológico da China

Sputinik Brasil 27/08/2025
Mídia: EUA enviam especialistas a aliados asiáticos para conter avanço tecnológico da China
Foto: © Eva Hambach

O Pentágono vai enviar oficiais da Unidade de Inovação em Defesa a países aliados, como Taiwan e Japão, para acelerar parcerias tecnológicas e conter o avanço militar da China. A iniciativa busca integrar inovações civis às Forças Armadas dos EUA, diante da crescente superioridade industrial de Pequim.

De acordo com o Financial Times (FT), o Pentágono, por meio da Unidade de Inovação em Defesa (DIU, na sigla em inglês), está ampliando sua presença internacional para acelerar a adoção de tecnologias comerciais nas Forças Armadas dos EUA. O plano inclui o envio de oficiais a dezenas de países aliados, com destaque para Taiwan e Japão, em resposta ao avanço militar da China, considerado o principal desafio estratégico por Washington.

A DIU pretende estabelecer conexões com parceiros no Indo-Pacífico, Europa e Oriente Médio, priorizando a colaboração em áreas como drones e tecnologias de uso dual, segundo a apuração. Taiwan deve receber um oficial de ligação ainda este ano, com foco no setor tecnológico e na integração com o ecossistema civil. O Japão também está na mira, embora ainda não tenha confirmado oficialmente a parceria.

Esse movimento ocorre em meio ao crescimento acelerado das capacidades militares chinesas, incluindo sistemas espaciais, navais e de mísseis. Em 2021, a China surpreendeu o Pentágono ao testar uma nave hipersônica que disparou um míssil em voo, sendo comparada ao "momento Sputnik" da Guerra Fria — quando a União Soviética lançou o Sputnik 1, o primeiro satélite artificial da história. Atualmente, a Marinha chinesa já a maior do mundo em número de navios e continua a se expandir rapidamente.

Autoridades norte-americanas, como o general Chance Saltzman, têm alertado sobre os avanços chineses em tecnologia espacial. Analistas atribuem esse progresso à fusão militar-civil promovida por Pequim, que integra empresas privadas ao esforço militar, além de contar com uma base industrial muito mais robusta que a dos EUA.

A queda na participação dos EUA em pesquisa e desenvolvimento global — de mais de um terço na Guerra Fria para apenas 3% na última década — motivou a criação da DIU em 2015. A unidade busca soluções rápidas por meio da iniciativa privada, especialmente em tecnologias críticas como sistemas autônomos.

Nos últimos anos, a DIU firmou acordos com Cingapura, Japão e Emirados Árabes Unidos, mas até agora só mantém presença permanente no Reino Unido. Segundo o FT, a alocação de oficiais em Taiwan e Japão representa um esforço para fortalecer laços estratégicos e tecnológicos com aliados-chave na Ásia.

Apesar da renúncia recente do chefe da DIU, Doug Beck, e da nomeação de Emil Michael como diretor interino, o programa de expansão internacional deve continuar. Autoridades aliadas veem essa iniciativa como um teste da disposição do governo Trump em investir em parcerias colaborativas, reconhecendo que o avanço tecnológico só será possível com esforços conjuntos.