O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou neste domingo (17) que a Constituição do país impede a concessão ou a troca de territórios, mas mostrou abertura para discutir o assunto diretamente com seu homólogo da Rússia, Vladimir Putin.

A declaração chega na esteira da cúpula entre o chefe do Kremlin e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na qual o líder russo colocou como condição para a paz que Kiev abra mão da totalidade da península da Crimeia e das províncias de Donetsk e Lugansk e dos territórios já conquistados por Moscou nas províncias de Kherson e Zaporizhzhia.

"A Rússia continua sem ter sucesso na região de Donetsk. Putin não conseguiu conquistá-la em 12 anos, e a Constituição da Ucrânia torna impossível ceder ou trocar territórios", disse Zelensky em uma coletiva de imprensa conjunta com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Bruxelas.

"Já que a questão territorial é tão importante, deveria ser discutida apenas pelos líderes da Ucrânia e da Rússia, no quadro de uma cúpula trilateral [com os EUA]", acrescentou.

O presidente também garantiu estar aberto a começar as negociações com Moscou "a partir de onde se encontra agora a linha de frente", em uma clara mudança de postura em relação aos últimos anos, quando Zelensky sempre defendeu que só trataria com o Kremlin mediante a retirada das tropas russas dos territórios conquistados.

O líder ucraniano irá a Washington nesta segunda-feira (18) para se reunir com Trump, acompanhado de Von der Leyen, dos presidentes da França, Emmanuel Macron, e da Finlândia, Alexander Stubb, dos premiês da Itália, Giorgia Meloni, e do Reino Unido, Keir Starmer, e do secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte.

Segundo Steve Witkoff, enviado especial dos EUA, a "cessão de territórios" pela Ucrânia será um dos temas do encontro na Casa Branca. "Estou convencido de que a reunião será produtiva", disse o americano em entrevista à CNN, acrescentando que tanto Trump quanto Putin concordaram a respeito de "fortes garantias de segurança" para o futuro de Kiev.

De acordo com ele, essa proteção se daria no modelo do artigo 5 da Otan, que estabelece que uma agressão a um país-membro é um ataque a toda a aliança, porém sem a adesão da Ucrânia à organização. Além disso, Witkoff contou que Putin assegurou que "não atacará nenhum outro país".

Já o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, não descartou a hipótese de um cessar-fogo na guerra, embora o objetivo principal seja uma paz definitiva, enquanto Trump relatou neste domingo "grandes progressos" com a Rússia, sem dar mais detalhes.