Cidades
Urbanitária Dafne Orion denuncia precarização e abusos da Águas do Sertão na Câmara de Palmeira dos Índios

A 19ª sessão ordinária da Câmara Municipal de Palmeira dos Índios foi marcada por duras críticas e denúncias contra a concessionária Águas do Sertão, responsável pelo saneamento básico no município. Quem trouxe as revelações foi Dafne Orion, representante do Sindicato dos Urbanitários, que expôs um quadro de precarização do trabalho e aumento abusivo das tarifas, afetando consumidores e funcionários.
Segundo Dafne, técnicos locais altamente qualificados recebem hoje salário mínimo — menos do que um encanador ganhava em 2010 — e cumprem jornadas exaustivas, incluindo sábados, domingos e feriados, sem pagamento de hora extra. A prática do “banco de horas infinito”, imposta pela empresa, e a recusa da Águas do Sertão em negociar acordo coletivo já levaram o sindicato a acionar o Ministério Público do Trabalho.
Ela também alertou que a concessionária opera com quadro reduzido de pessoal, incapaz de atender à demanda, e anunciou um novo reajuste tarifário já publicado no Diário Oficial: a partir de setembro, o m³ residencial chegará a R$ 6,90 (R$ 69 para até 10m³) e o comercial a quase R$ 15, com valores ainda maiores para consumo acima dessa faixa.
Indignação generalizada no plenário
A fala de Dafne repercutiu entre os vereadores, que se revezaram nas críticas à empresa:
• Jânio Marques apoiou os trabalhadores e disse que “o que é injusto tem que ser cobrado”, lembrando que as reclamações não cessam.
• Helenildo Neto afirmou que “o palmeirense não tem um dia de paz” com a Águas do Sertão, citando falta de água, obras inacabadas e fornecimento de água barrenta.
• Lúcio Carlos apontou desrespeito às leis trabalhistas e convocou a população a formalizar denúncias.
• Maxwell Feitosa classificou a empresa como incompetente e defendeu união de forças para garantir um serviço digno.
• Madson Monteiro, presidente da Câmara, chamou a concessionária de “gangue” e “camboio de ladrão”, pedindo que os deputados estaduais avaliem o cancelamento do contrato de 35 anos.
• Toninho Garrote lembrou que sua mãe, ex-deputada, foi contra a venda da Casal para a Águas do Sertão.
• Gileninho Sampaio defendeu a judicialização do caso e o apoio da Assembleia Legislativa.
A unanimidade nas críticas expôs a insatisfação generalizada com a atuação da concessionária e a pressão para que órgãos de controle e o governo estadual intervenham.
O silêncio do passado e o contrato milionário
Apesar da postura crítica atual, a memória política recente mostra que a Câmara Municipal, na legislatura passada, silenciou diante do ex-prefeito Júlio Cezar, conhecido como o imperador. Foi conivente com a assinatura do contrato que vendeu a concessão de água por R$ 106 milhões à Águas do Sertão.
O valor nunca foi prestado contas à população, e hoje Palmeira dos Índios vive o caos: tarifas elevadas, serviços precários e um contrato de décadas que mantém a cidade refém de um modelo de gestão amplamente questionado por trabalhadores, consumidores e parte da classe política.
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