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Mídia: Brasil defende BRICS após críticas de Trump e reforça esforço por ordem global equilibrada

Sputinik Brasil 27/07/2025
Mídia: Brasil defende BRICS após críticas de Trump e reforça esforço por ordem global equilibrada
Foto: © Foto / Reprodução YouTube / BRICS Brasil

O Brasil reafirma seu compromisso com o BRIS apesar das ameaças de imposição de tarifas de Trump, que acusou o bloco de ser antiamericano e criticou o julgamento de Bolsonaro. Para o governo Lula, os ataques reforçam a estratégia de diversificação de parcerias e por uma ordem internacional mais equilibrada.

O Brasil reafirmou seu compromisso com o bloco BRICS, mesmo diante das ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, que acusou o grupo de ser antiamericano e prometeu tarifas de até 50% contra o país. A declaração veio durante a cúpula dos 11 membros do BRICS, realizada no Brasil, acompanhada de críticas duras de Trump ao governo de Lula da Silva e à condução do julgamento de Jair Bolsonaro.

Falando ao Financial Times (FT), o assessor de política externa Celso Amorim reagiu dizendo que tais ataques reforçam a intenção do Brasil de manter relações diversificadas e não depender de um só país. Além de ampliar laços com os BRICS — incluindo China, Rússia e Índia —, o Brasil também pretende fortalecer vínculos com a Europa, América do Sul e Ásia, buscando um equilíbrio comercial e político.

A crítica de Trump ao Brasil se deu apesar de o país apresentar um déficit comercial com os EUA, ao contrário de outras nações alvo de suas ameaças comerciais. Ele também acusou o governo Lula de censura e injustiça econômica. Lula, por sua vez, respondeu afirmando que Trump se comporta como um imperador e que suas ações nos EUA seriam punidas judicialmente se ocorridas no Brasil.

Amorim classificou a interferência de Trump nos assuntos internos brasileiros como sem precedentes, algo que não acontecia nem na era colonial, e comparou sua postura à de regimes autoritários. Segundo ele, Trump "estava tentando agir politicamente dentro [do Brasil] em favor de seu amigo [Jair Bolsonaro]".

Embora a China seja o principal parceiro comercial do Brasil — importando US$ 94 bilhões (cerca de R$ 522,7 bilhões) no ano passado, Amorim afirmou que não há interesse em favorecer exclusivamente Pequim. Ele negou que os BRICS tenham um cunho ideológico e reforçou a missão do bloco em promover uma ordem global multilateral mais equilibrada diante da saída de Trump.

Amorim também pediu que a União Europeia (UE) ratifique rapidamente o tratado comercial com o Mercosul, defendendo que isso traria ganhos econômicos e geopolíticos.

"Se a União Europeia fosse inteligente, o ratificaria não apenas pelo ganho econômico imediato, mas também por mais equilíbrio em suas relações", disse Amorim.

O assessor mencionou o interesse do Canadá em firmar acordos com o Brasil e prevê que o último ano do governo Lula será marcado por foco na integração sul-americana.

Para o assessor especial da Presidência, é preciso lembrar de uma máxima diplomática para compreender a atual circunstância que envolve o Brasil e a polêmica causada por Trump: "Os países não têm amigos, apenas interesses". Segundo Amorim, o presidente norte-americano se destaca negativamente por não possuir sequer interesses, mas apenas desejos, em uma postura que reflete um uso absoluto e autoritário do poder.