Alagoas

Ifal promove Semana de Memória e Produção em Territórios Culturais de Marechal Deodoro

Evento movimentou Campus em homenagem à Mestra Pastora da Ilha de Santa Rita

Camylle Vitória 25/07/2025
Ifal promove Semana de Memória e Produção em Territórios Culturais de Marechal Deodoro

O dia 25 de julho é celebrado como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A data foi criada em 1992 para dar visibilidade à luta das mulheres negras contra o racismo e a desigualdade. No Brasil, também homenageia Tereza de Benguela, líder quilombola que comandou o Quilombo do Quariterê, em Mato Grosso.

E no Instituto Federal de Alagoas (Ifal) a data foi usada para homenagear o nome forte da Mestra Pastora da Ilha de Santa Rita, durante a Semana de Memória e Produção em Territórios Culturais, realizada nos dias 24 e 25 de julho, no Campus Marechal Deodoro.

O evento, organizado pelo Neabi Ayó (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas) do Campus, em parceria com o Instituto Quintal Cultural, o Movimento dos Povos das Lagoas e o Quilombo Lunga, teve como objetivo renovar um movimento de resistência e combate ao racismo, destacando especialmente as mulheres, que são historicamente as mais vulnerabilizadas nesse processo.

A homenageada Mestra Pastora da Ilha de Santa Rita, que participou com apresentações artísticas durante os dois dias de evento, tem 84 anos e é um referencial das lagunas Mundaú e Manguaba na proteção dos saberes populares, seja como baiana, artesã ou na lida como marisqueira. Desde muito jovem, dedica a vida à cultura popular, enfrentando o racismo e machismo há quase um século.

No dia 24, participantes também puderam assistir às apresentações artísticas com o Boi Pérola e da Mestra Pastora. Foram ofertadas ainda quatro oficinas: de Kalunga, com a Mestra Cistina, do Quilombo Lunga; de Baianas, com a Mestra Pastora da Ilha de Santa Rita; de Hip-hop, com a Big4jiu, da Lost Crazy; e de Cultura Alimentar, dedicada ao público EJA, com a Mestra Tonha, também do Quilombo Lunga.

O dia 25 iniciou com um ensaio aberto da Mestra Pastora, seguido pelo monólogo “Vozes Mulher de Conceição Evaristo”, interpretado pela Contramestra da Massapê Corpo e Movimento - Sirlene Gomes, obra que pôde representar a liberdade que deseja alcançar aos seus sucessores, símbolo de muita força e coragem.

A programação seguiu com a roda de conversa “Mulher, Negra, Latino-Americana e Caribenha” formada por: Myrra e MC Malok, representantes do movimento reggae; a artesã e também representante do movimento reggae, Gina Baruki; a representante do Instituto Vale do Sol, Diana Aleixo; Mãe Jeane, de Abassá de Angola; Acotirene Thayse Melo e Sirlene Gomes como Mediadora.

Na mesa, todas as mulheres contaram um pouco da sua trajetória de vida, luta e resistência. Para a conclusão da Semana, foi ofertada a Oficina de Dança Afro pela Mãe Jeane.

"Por mais que eu conheça meu potencial, minha história de vida enquanto mulher preta, profissional e militante, passou a ser algo tão natural que eu esqueço que é algo que preciso ser. Mas a educação antirracista e antipatriarcal precisa ser semeada. Eu só sou uma mulher negra com empoderamento porque outras vieram antes de mim, incluindo Tereza de Benguela e Mestra Pastora. Então é de suma importância estarmos nesse espaço educacional que já é aberto a discussões étnico-raciais e que abram-se cada vez mais espaços", frisou Sirlene Gomes.

O evento também contou com uma transmissão ao vivo da Rádio Comunitária, 105,9 FM, que fez a cobertura do dia, entrevistando todos os participantes envolvidos na comissão e participação da mesa.