Alagoas

ENCOOPAL 2025 traz Coopvila como case de sucesso e ressalta força feminina no cooperativismo solidário durante painel

Catadoras do antigo lixão de Maceió começaram ganhando R$ 40,00 e, hoje, tiram mais de um salário mínimo de renda

BCCOM Comunicação 24/07/2025
ENCOOPAL 2025 traz Coopvila como case de sucesso e ressalta força feminina no cooperativismo solidário durante painel

“A cooperativa me salvou. Eu gritei e ela me socorreu”. A frase de Vânia Gomes, mais conhecida como Vânia Catadora, conta a história dela e de mais 26 famílias que fazem parte da Cooperativa de Catadores da Vila Emater (Coopvila), em Alagoas. Surgida em 2008, a cooperativa resgatou e deu dignidade trabalhista às catadoras do antigo lixão de Maceió, tornando-se um case de sucesso apresentado no Encontro do Cooperativismo Alagoano 2025 (ENCOOPAL 2025), que mostra como o cooperativismo solidário transforma vidas e de como a resiliência feminina teve papel fundamental no processo.


A Cooperativa de Catadores da Vila Emater (Coopvila) está localizada na Vila Emater II, no bairro do São Jorge, próxima à entrada do antigo lixão de Maceió. Durante o Encontro do Cooperativismo Alagoano de 2025, realizado no dia 22 de julho em Maceió, Vânia Catadora – que hoje atua como secretária da cooperativa - refletiu sobre a origem da Coopvila no painel “Histórias que Inspiram: Cooperativas que Transformam Realidades”. Ressaltou a importância da coletividade, principalmente após o fechamento do lixão, em 2010. Se não fosse pelo trabalho conjunto, muitos catadores e catadoras autônomos teriam passado dificuldade.


“A cooperativa não tinha atividades diárias. Mas em 2010, o lixão de Maceió fechou e a gente tinha duas opções: ou a gente fortalecia a cooperativa ou a gente ia para a rua. Ou a gente ia ver nossos filhos passarem necessidade de leite em casa. A gente não estava preparado para o mercado de trabalho porque a taxa de analfabetismo ainda é muito grande dentro da categoria de catadores e catadoras de matérias recicláveis. Então, a gente foi fortalecer a cooperativa”, relatou.


Mas, destaca Vânia, nada disso seria possível sem o papel fundamental e a resiliência feminina dentro da Coopvila, que surge a partir da coragem de um grupo de mulheres ao ocupar um terreno desocupado do Estado, localizado ao lado da comunidade da Vila Emater II. “Nesse espaço era só uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada. Mas lá tinha mulheres valentes e guerreiras com vontade de dar continuidade a esse trabalho com dignidade e com honestidade, entrando pela porta da frente na sociedade. Foi isso que a gente fez”, destacou.


Após a ocupação, as catadoras de material reciclável chegaram a juntar resíduos sólidos por quatro meses para ganhar R$ 40,00. Mesmo com o pouco valor, elas não desistiram. “Isso foi um choro, porque a gente podia desistir. Mas aí, a mulher tem um espírito de resistência e de luta muito forte, que não desiste. E a gente disse: não, a gente vai continuar. A gente junto com uma ONG foi para as ruas fazer pesquisa de interesse em coleta seletiva. Focamos na área da Ponta Verde, porque era uma área que não era assistida por nenhuma das outras cooperativas existentes no momento. Então, a gente foi para as ruas diariamente fazer isso”, relembra Vânia.


E assim, com a persistência de mulheres que queria garantir o sustento de casa, a cooperativa progrediu. Hoje, a Coopvila – assim com outras cooperativas de catadores recicláveis em Maceió -, é assistida pela Lei 12.305/2010, que determina que toda cooperativa e associação de catadores de materiais recicláveis tem direito à contratação pelo serviço de coleta seletiva prestado com dispensa de licitação.


“Hoje, a Coopvila tem 27 famílias que, lá atrás, ganharam R$ 40,00 e hoje tiram em média um salário mínimo e meio por mês. O que a gente passou lá atrás, de a gente procurar o que comer e não tinha, hoje cada uma tem seu salário e meio garantido todo mês. Tem seu INSS pago. Trabalha com dignidade, uniformizado, com EPIs, com veículos”, destacou.


Vânia também falou da superação do preconceito a partir da coletividade e encerrou o momento destacando a importância do cooperativismo solidário na transformação de vidas. “O que eu quero dizer aqui: não é só a Coopvila que é um case de sucesso. Case de sucesso é todos os catadores e catadoras que existem em Maceió e fazem parte das cinco cooperativas existentes. Porque se eu faço parte de uma cooperativa, todos nós ganhamos. Mas se eu faço parte de uma cooperativa que tem um cooperativismo solidário, que faz parte de um movimento nacional, então todos os catadores ganham independente de onde quer que eu esteja. Então, esse é o meu case de sucesso”, declarou.



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