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Túmulo antigo de príncipe refém coreano é encontrado com artefatos na China (FOTOS)

Por Sputinik Brasil 21/07/2025
Túmulo antigo de príncipe refém coreano é encontrado com artefatos na China (FOTOS)
Foto: © Foto / Academia de Arqueologia de Shaanxi

Arqueólogos chineses descobriram o túmulo de Kim Young, príncipe refém do reino coreano de Silla, revelando detalhes inéditos das alianças políticas e diplomáticas da dinastia Tang. A escavação traz à luz o papel dos reféns na integração cultural entre China e Coreia no século VIII.

A descoberta do túmulo de Kim Young, príncipe do antigo reino coreano de Silla, marca um feito inédito na arqueologia chinesa, sendo o primeiro túmulo real de Silla escavado formalmente na dinastia Tang. A sepultura foi localizada em Xi'an, na província de Shaanxi, e revela importantes detalhes dos vínculos entre os reinos Tang e Silla.

O epitáfio encontrado fornece uma narrativa rara sobre a vida de Kim Young, ampliando o conhecimento sobre o sistema de reféns da dinastia Tang. Nele, confirma-se que Kim era um príncipe enviado como garantia de lealdade ao império chinês, uma prática comum entre Estados vassalos. Ele viveu na corte Tang, atuando como elo diplomático entre as nações.

Apesar de sinais de saque, o túmulo preservava muitos artefatos valiosos, entre eles estatuetas cerâmicas e animais esculpidos em argila vermelha. Destacam-se também moedas da era Kaiyuan Tongbao e um jarro em forma de pagode. A estrutura da câmara funerária em forma de faca revela técnicas arquitetônicas típicas da época.

O epitáfio, talhado em pedra azul, tem inscrições artísticas com símbolos florais e nuvens. A inscrição principal narra em 557 caracteres a vida do príncipe, desde seu nascimento em 747 d.C. até sua morte em 794 d.C, enfatizando suas atribuições na corte e a importância da sua posição diplomática.

Além de participar de cerimônias oficiais e acompanhar enviados a Silla, Kim Young teve um funeral conduzido por autoridades Tang e recebeu honrarias imperiais. O texto confirma que sua família já ocupava cargos no governo chinês há três gerações, consolidando uma linhagem política de reféns integrada à elite Tang.

A menção à esposa de Kim, da influente família Wang, é outro achado marcante. Essa união indica que os príncipes reféns não apenas viviam sob vigilância, mas também se casavam com membros da aristocracia chinesa, reforçando alianças culturais e políticas entre os povos.

A prática de enviar príncipes como reféns era estratégica: eles recebiam educação confucionista e ajudavam a manter a suserania Tang. Mais do que simples instrumentos diplomáticos, atuavam como facilitadores de cooperação entre os impérios, promovendo trocas culturais e estabilidade regional.

Segundo Liu Zheng, da Sociedade Chinesa de Relíquias Culturais, a tumba de Kim Young fornece evidências sólidas da relação entre Tang e Silla e reforça como os reféns reais desempenharam papéis ativos na diplomacia medieval, revelando nuances profundas sobre a política e o intercâmbio cultural na Ásia do Leste.