Internacional
Inundações, o fenômeno mais difícil de prever, se intensificam em todo o mundo

Apesar dos avanços tecnológicos e da pesquisa sobre o assunto, as inundações causadas por chuvas intensas continuam sendo um dos fenômenos naturais mais difíceis de prever.
O tema tem ganhado destaque nos últimos dias, após a tragédia no Texas, Estados Unidos, que ceifou a vida de pelo menos 121 pessoas.
As autoridades do estado norte-americano não investiram em um sistema de medições e alertas que, acredita-se, poderia ter salvado a vida de algumas das vítimas da enchente do rio Guadalupe na semana passada.
No entanto, essa afirmação não se sustenta na prática, pois não há país no mundo capaz de prevenir com precisão desastres naturais como inundações causadas por chuvas extremas.
"Inundações repentinas são o tipo de desastre mais difícil de prevenir", disse a pesquisadora da Universidade Tufts, Erin Coughlan de Pérez, ao The New York Times. Ela acrescentou que os sistemas de alerta existentes, tanto em países ricos quanto pobres, geralmente falham e emitem mais alarmes falsos do que verdadeiros, o que desestimula o investimento nesse tipo de iniciativa.
Um exemplo recente ocorreu no ano passado na Espanha, quando foram registradas inundações causadas por fortes chuvas em Valência, matando 200 pessoas. Esta cidade europeia possui um sistema de alerta, mas ele só foi ativado quando já era tarde demais e o desastre não podia mais ser mitigado.
Países como o Japão, propensos a muitos desastres naturais — como terremotos e tsunamis — dedicaram recursos significativos a supercomputadores, satélites e radares para prever quando tempestades vão causar inundações.
O resultado desse investimento é o sistema J-Alert, um programa que envia mensagens de alerta para celulares, televisão, rádio e um sistema nacional de alto-falantes quando há situações de risco, desde terremotos, inundações e até lançamentos de mísseis.
O J-Alert é ativado por autoridades em nível municipal e convoca os cidadãos a se dirigirem a centros de evacuação ou se abrigarem quando há previsão de ocorrência de um desastre natural. Apesar disso, em 2020, 14 pessoas morreram na ilha de Kyushu devido a uma evacuação mal executada.
Especialistas japoneses também avisam que a rapidez no alerta e na resposta a desastres é, ironicamente, uma desvantagem na prevenção de mortes, já que a população se sente segura e pode não levar todos os alertas a sério.
Uma pesquisa da Universidade de Kumamoto, por exemplo, indica que apenas 10% dos moradores acatam as ordens de evacuação. Em outros municípios, o percentual cai para 1%.
"Aqueles que se protegeram de desastres passados tendem a presumir que tudo ficará bem. Então, correm o risco de ficar presos", disse Yukiko Takeuchi, professora da Universidade de Kumamoto, ao The New York Times.
Em outros países, como a Índia, os alertas também não têm surtido o efeito desejado. O Dr. Champa Joshi, do Instituto Indiano de Gestão de Água e Inundações, alerta que, embora seu sistema possa prever inundações com até cinco dias de antecedência, "mais da metade dos alertas acabam sendo falsos", então as pessoas os ignoram completamente.
Em países como o Uganda e Nepal, pesquisadores britânicos trabalharam em sistemas de monitoramento por satélite para prever inundações repentinas, com o objetivo de desenvolver sistemas mais precisos.
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