A União Europeia criticou nesta sexta-feira (11) as sanções dos Estados Unidos contra a jurista italiana Francesca Albanese, relatora da Organização das Nações Unidas (ONU) para os territórios palestinos ocupados, em meio ao silêncio do governo da Itália sobre o assunto.

"A UE apoia fortemente o sistema de direitos humanos das Nações Unidas e lamenta profundamente a decisão de impor sanções contra Francesca Albanese", disse o porta-voz da Comissão Europeia, poder Executivo do Bloco, para Relações Exteriores, Anouar El Anouni.

"A UE continua apoiando os esforços voltados a realizar inquéritos independentes sobre violações dos direitos humanos e do direito humanitário internacional, incluindo aquelas que poderiam se configurar como crimes internacionais", acrescentou.

Albanese foi sancionada logo após apresentar um relatório em que acusa dezenas de empresas de financiar a "remoção dos palestinos dos territórios ocupados" e Israel de perpetrar "um dos genocídios mais cruéis da história moderna".

"Enquanto a vida em Gaza está sendo destruída e a Cisjordânia está sob ataque, este relatório mostra por que o genocídio cometido por Israel continua: porque é lucrativo para muitos", diz o texto.

Segundo o secretário de Estado americano, Marco Rubio, a italiana tem realizado "esforços ilegítimos e vergonhosos para pressionar" o Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia "a agir contra funcionários, empresas e executivos dos EUA e de Israel".

Além disso, ele acusou Albanese de praticar "atividades tendenciosas e maliciosas" e de "fomentar o antissemitismo e apoiar o terrorismo". Enquanto isso, o governo da premiê da Itália, Giorgia Meloni, tem sido criticado pela oposição por não condenar as sanções, anunciadas na última quarta-feira (9).

"É vergonhoso que o governo italiano não tenha dito uma palavra em defesa de uma cidadã italiana que exerce uma função tão delicada na ONU", criticou a líder da legenda de centro-esquerda Partido Democrático (PD), Elly Schlein.

"Sabemos que Meloni se interessa pouco pelo respeito ao direito internacional, mas pelo menos interessa a ela defender uma cidadã italiana? Nada. Está muda", reforçou o presidente do partido antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), Giuseppe Conte.