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Projeto Forrageiras reúne produtores e técnicos para debater pecuária sustentável em Alagoas

senarcomunicacao 10/07/2025
Projeto Forrageiras reúne produtores e técnicos para debater pecuária sustentável em Alagoas

A segunda edição do Dia de Campo do Projeto Forrageiras para o Semiárido – Fase 2, realizada nesta terça-feira (8), na Unidade de Referência Tecnológica de Monteirópolis, no interior de Alagoas, reuniu mais de 100 participantes. Produtores rurais, técnicos de campo, supervisores e estudantes participaram das atividades organizadas pelas instituições parceiras que envolvem a CNA, o ICNA, o Sistema Faeal/Senar e a Embrapa.

“O evento foi um sucesso e reflete a importância do projeto para os dez estados que sediam as URTs, incluindo Alagoas, os demais estados do Nordeste e Minas Gerais. A participação expressiva dos nossos supervisores e técnicos demonstram o interesse dos profissionais do nosso estado em capacitação e inovação, assim como a busca dos produtores por mais conhecimento”, afirmou a gerente de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar Alagoas, Ellen Oliveira.

Ela ressaltou, durante a abertura do evento, o apoio do presidente do Sistema Faeal/Senar, Álvaro Almeida, do superintendente do Senar Alagoas, Fernando Dória, e da superintendente-adjunta da instituição, Luana Torres, na realização do encontro. “Nossos dirigentes compreendem a importância e o alcance desse projeto, que tem como objetivo integrar pesquisa científica e extensão rural, em parceria com o Instituto CNA e a Embrapa”, completou a gerente.



Criado em 2017, o Projeto Forrageiras para o Semiárido tem se consolidado como uma das mais relevantes iniciativas voltadas ao desenvolvimento sustentável do campo. A pesquisa e o desenvolvimento avaliam o potencial produtivo de plantas forrageiras às condições de clima e solo do semiárido e a capacidade de resiliência destas plantas às condições de pastejo por ovinos, bovinos de corte e leite.

Estações


A dinâmica das atividades foi planejada estrategicamente, dividindo os participantes em três grupos, que alternavam as estações de conteúdo em rodadas de 40 minutos (entre palestra e interação). A primeira estação teve como facilitador o técnico do ICNA, Otávio Couto, responsável local da URT de Monteirópolis, que falou sobre produção e conservação de forrageiras anuais (silagem) e poupança forrageira.



A segunda estação, comandada por Alenilda Carvalho, supervisora do projeto pelo ICNA, abordou o sistema de pastejo e apresentou os resultados deste último ano de execução do projeto. A terceira e última estação teve como temas o manejo sanitário e a seleção de novilhas leiteiras para sistemas de produção no semiárido. O facilitador foi o representante da Embrapa, Rafael Dantas.

Ciência e Inovação  


Os técnicos fazem questão de ressaltar que a grande missão do projeto é transformar conhecimento técnico em soluções reais para o dia a dia no campo. “A pesquisa nasceu em virtude do produtor rural. Por isso, precisamos transformá-la em algo acessível, útil e aplicável”, explica Alenilda Carvalho.



Segundo a supervisora, o projeto não se limita à produção de dados. A partir dos resultados obtidos em campo, o Instituto CNA já desenvolveu e disponibilizou uma série de ferramentas práticas para os produtores, como: um e-book técnico disponível gratuitamente na página do Instituto; óculos de realidade virtual, que proporcionam uma experiência imersiva no manejo de pastagens; além de um aplicativo de orçamento forrageiro, que auxilia o produtor na gestão alimentar do rebanho. 

“Esses produtos são frutos de parcerias estratégicas, principalmente com a Embrapa, que atua como mentora técnica do projeto. A colaboração permitiu a expansão da iniciativa por meio de fases, cada uma aprofundando e aprimorando os resultados anteriores”, completa Alenilda Carvalho.

Fases e Resultados


Desde sua criação, o Projeto Forrageiras vem sendo desenvolvido em etapas bem definidas. A Fase 1, iniciada em 2017, testou 30 espécies forrageiras, entre plantas anuais, perenes, cactáceas e leguminosas arbóreas. Os resultados dessa etapa permitiram a seleção das espécies mais produtivas e resilientes, abrindo caminho para a Fase 2, que incorporou o componente animal, introduzindo o pastejo como forma de testar o desempenho dos sistemas forrageiros em situação real.

Atualmente, o projeto se encaminha para a Fase 3, com a inclusão de inovações tecnológicas como a aplicação de nanotecnologia, ampliando ainda mais o potencial produtivo e adaptativo das soluções desenvolvidas.

Mais do que gerar conhecimento, o Projeto Forrageiras para o Semiárido busca democratizar o acesso à tecnologia no campo. Por meio de materiais de fácil entendimento, ferramentas digitais e suporte técnico, a iniciativa aproxima produtores de diferentes portes das inovações mais recentes da agropecuária.

Resultados Promissores em Alagoas


O representante da Embrapa no projeto, Rafael Dantas, avaliou de forma positiva os resultados da implantação do Forrageiras para o Semiárido no estado. Segundo ele, os dados coletados ao longo deste último ano indicam avanços consistentes, especialmente no que diz respeito ao desempenho das pastagens e ao ganho de peso dos animais.



“Os resultados em Alagoas são muito promissores, muito consistentes e positivos. A produção de capins está excelente e os animais estão apresentando ganho de peso elevado, inclusive superior ao observado em outras Unidades de Referência Tecnológica (URTs) voltadas à produção de leite”, destacou Dantas.

“A Fase 2 foi decisiva para entendermos como essas forrageiras se comportam com pastejo, e os resultados têm sido muito animadores. Os ganhos produtivos confirmam que a metodologia do projeto, com suas fases bem definidas, está funcionando de forma eficiente”, completou o representante da Embrapa.

Agropecuária regenerativa


A Fase 3, que já está sendo preparada, vai apresentar uma abordagem ainda mais ampla e alinhada às demandas contemporâneas dos produtores rurais e da sociedade como um todo. O foco será em tecnologias sustentáveis e na chamada agropecuária regenerativa, uma prática que considera não apenas a produtividade, mas também os impactos no solo, no microclima e na biodiversidade local.

“A próxima fase será voltada para entender as interações entre plantas e solo, o ambiente que estamos criando nessas áreas, e como isso pode contribuir para um modelo produtivo mais equilibrado e ambientalmente responsável”, afirmou Dantas. 

Participantes


A técnica de campo do Senar Alagoas, Taynara Farias, compartilhou sua visão sobre os impactos diretos que ações como essa têm gerado no dia a dia dos produtores rurais do semiárido alagoano.

Para ela, a troca de conhecimento promovida pelo evento é “100% importante”, sobretudo em regiões com alta carência de informações técnicas, como o município de Traipu, onde atua. “Estou levando várias informações relevantes, especialmente sobre silagem, para uma área que realmente precisa”, afirmou a técnica. Segundo Taynara, muitos produtores rurais já realizam práticas de cultivo e manejo animal, mas de forma empírica, baseada em tradições locais. 

A técnica destaca que a produção de silagem, por exemplo, pode garantir alimentação de qualidade para os animais durante todo o ano, o que é essencial em regiões marcadas pela seca e instabilidade climática. “Com informação, eles passam a produzir com mais qualidade e eficiência”, complementa.

Além da silagem, Taynara reforça que os produtores locais também utilizam a palma forrageira como alternativa viável para alimentação do rebanho. Essa estratégia de diversificação é fundamental para garantir resiliência produtiva no semiárido.

Para o supervisor de ATeG do Senar Alagoas, Wesley Reniberg, a participação de técnicos e produtores no Dia de Campo é de grande importância para a difusão do conhecimento e para o aprimoramento do que já é realizado na prática. 

“O propósito do Senar é levar assistência técnica e gerencial de alto padrão, como as tecnologias voltadas ao melhoramento de forrageiras, para que o produtor possa cada vez mais melhorar seus manejos e, consequentemente, obter um maior incremento de renda”, concluiu o supervisor.