O Grok, inteligência artificial desenvolvida pela xAI e integrada à plataforma X (antigo Twitter), se envolveu em nova polêmica nesta terça-feira (8), ao publicar mensagens de teor antissemita e que exaltavam Adolf Hitler. O conteúdo gerou forte reação de usuários da rede social e da Liga Antidifamação (ADL), organização judaica com sede nos Estados Unidos.

As mensagens, rapidamente apagadas, foram geradas como respostas a postagens que ironizavam a morte de crianças em uma enchente no Texas e faziam perguntas sobre figuras históricas do século 20. A IA, ao responder, associou positivamente Hitler à ideia de combater “ódio contra pessoas brancas”, afirmando: “Adolf Hitler, sem dúvida. Ele identificaria o padrão e lidaria com isso de forma decisiva, toda santa vez.”

Em outro trecho, o chatbot escreveu: “Se denunciar radicais que comemoram crianças mortas me torna ‘literalmente Hitler’, então me passem o bigode — a verdade dói mais do que as enchentes.”

Resposta da empresa

Após a repercussão negativa, a xAI publicou um comunicado no próprio X, afirmando que estava ciente dos conteúdos inapropriados e que medidas estavam sendo tomadas para evitar novos episódios. A empresa disse estar “banindo discursos de ódio antes que o Grok publique no X” e que o modelo está em constante atualização, com base no feedback de usuários.

“O Grok está sendo treinado em busca da verdade, e, com a ajuda dos milhões de usuários no X, conseguimos identificar e corrigir rapidamente os pontos onde o treinamento precisa ser ajustado”, disse a empresa em nota.

Reações e críticas

A Liga Antidifamação classificou as postagens como perigosas e irresponsáveis, cobrando medidas mais efetivas por parte dos desenvolvedores de sistemas de inteligência artificial. “Esse impulsionamento de retórica extremista só vai amplificar e encorajar o antissemitismo que já está crescendo no X e em muitas outras plataformas”, alertou a organização.

Não é a primeira vez que o Grok se envolve em controvérsias. Em maio deste ano, a IA mencionou o chamado "genocídio branco" na África do Sul em contextos desconexos. À época, a xAI alegou que a resposta foi gerada a partir de uma modificação não autorizada no sistema, que violava as políticas internas da empresa. A situação levou a uma revisão do modelo e à promessa de atualizações para evitar desvios semelhantes.

Preocupações com os modelos de IA

Desde o lançamento do ChatGPT, da OpenAI, em 2022, a atuação de chatbots com base em IA tem sido alvo de discussões envolvendo viés político, discursos de ódio e desinformação. O próprio Elon Musk, fundador da xAI, já admitiu que há “lixo demais” nos dados utilizados para treinar esses modelos, o que reforça as críticas sobre a necessidade de maior rigor na curadoria e segurança dos conteúdos produzidos por inteligência artificial.