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Como a economia digital pode reforçar o sertão
Descubra como a economia digital e a inclusão tecnológica estão transformando o sertão em um novo polo de inovação, renda e empreendedorismo.

Durante muito tempo, o sertão foi sinônimo de isolamento e carência de recursos. Contudo, esse cenário está mudando. A economia digital, que já movimenta trilhões pelo mundo com ferramentas como plataformas online, fintechs e criptomoedas como o bitcoin, começa a fincar os pés no interior do Brasil.
E, quando isso acontece, surgem novas oportunidades de renda, empreendedorismo e cidadania. Mas para entender por que essa mudança é tão promissora, vale começar pelo começo.
O que é economia digital e sua importância para o sertão
A economia digital é o conjunto de atividades econômicas baseadas no uso de tecnologias digitais. Inclui desde o comércio eletrônico e serviços financeiros digitais até plataformas de aprendizado, agricultura de precisão e trabalho remoto. O que define tudo isso é a capacidade de criar, distribuir e monetizar valor por meio da conectividade.
No sertão, essa lógica representa uma virada de chave. Por séculos, a região foi deixada de fora dos grandes ciclos produtivos por falta de acesso a estradas, crédito, infraestrutura ou informação.
Integrar o sertão à economia digital significa permitir que comunidades locais usem a tecnologia para produzir, vender, aprender e se desenvolver — sem depender, necessariamente, dos grandes centros urbanos.
Isso não é apenas justiça social. É estratégia de país. Levar o sertão para dentro da economia digital é gerar novos polos de inovação, diversificar a base produtiva nacional e reduzir desigualdades estruturais.
Inclusão digital: base de tudo
Nada acontece se não houver acesso à internet e dispositivos. Em áreas rurais, a internet por satélite é uma saída eficiente para levar conectividade onde os cabos não chegam. A operadora Hughesnet aponta que 70% dos assinantes rurais usam a internet via satélite como primeira porta de acesso digital.
Em muitos casos, esse é o empurrão inicial para conectar escolas, telecentros e iniciativas locais à economia digital. Os telecentros — espaços comunitários com computadores e internet — têm atuado como hubs de aprendizagem e geração de renda. No Brasil, o modelo, implementado desde os anos 1990, evoluiu com políticas como o GESAC, levando banda larga a escolas, unidades de saúde e áreas rurais.
No sertão, regiões como o Ceará mostraram que o uso de internet móvel e telecentros promove digitalização cotidiana e reforça a inclusão, embora desafios de infraestrutura e capacitação ainda existam. Quando escolas e comunidades têm acesso digital, todos ganham: professores, alunos e empreendedores locais. Isso abre oportunidades para aprender, identificar novos nichos e inserir produtos na cadeia nacional e internacional.
Capacitação e políticas públicas
Independentemente de computadores e conexão, é preciso ensinar a usar. O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) oferece cursos gratuitos e presenciais voltados a trabalhadores rurais e suas famílias, com foco em habilidades digitais e técnicas.
Já a Embrapa, por meio do projeto “Semear Digital”, tem atuado no sertão baiano, levando transferência de conhecimento e fomentando negócios locais, incluindo lideranças femininas que transformam castanhas de licuri em produtos vendidos com valor agregado.
Essas ações mostram que digitalização só vale se vier acompanhada de educação — do ensino básico até o uso estratégico de ferramentas digitais. Sem isso, a inclusão digital fica pela metade.
Fintechs rurais e microcrédito digital
Na outra ponta, o acesso a serviços financeiros é crucial. O Microcrédito Produtivo Rural do Banco do Nordeste, dentro do Programa Agroamigo, oferece financiamento orientado, focado no pequeno agricultor familiar, especialmente no semiárido. Criado em 2005, o Agroamigo já beneficiou milhares de produtores com infraestrutura, irrigação, armazenamento e tecnologia.
Além de microfinanças tradicionais, surgem fintechs e agrotechs que disponibilizam crédito, pagamentos e seguros via smartphone — sem depender das agências bancárias distantes. A facilidade de acesso financeiro digital ajuda agricultores a investir em irrigação, armazenagem e diversificação de culturas.
Empreendedorismo digital no campo
Com conexão e capacitação, vem a vez de transformar negócios. Produtores do sertão têm usado redes sociais e plataformas de e‑commerce para vender artesanato, alimentos regionais (como doces e licuri) ou serviços turísticos rurais. Conseguem atingir consumidores que nunca chegariam sem presença digital.
Jovens com acesso à internet criam conteúdos, divulgam produtos e atraem público diretamente. A transformação passa pelo reforço da autoestima, pela valorização da cultura e pela conexão entre passado e futuro: o saber tradicional combinado com digital.
Sertão conectado e o potencial da inovação
A economia digital no sertão não é ideia distante: já está acontecendo. A internet por satélite, os telecentros, o microcrédito rural e os casos inspiradores mostram que é possível dinamizar a região, preservar identidade e garantir renda. É possível — e urgente.
Para realmente reforçar o sertão, falta chavear essas experiências em escala, com políticas estáveis, investimento em infraestrutura, educação digital e apoio contínuo a empreendedores locais.
Unindo conectividade, capacitação e acesso a crédito, o sertão pode entrar de vez na economia digital — valorizando sua história e construindo futuro com protagonismo das próprias comunidades.
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