Internacional

Tarifa de Trump contra Brics não deve ter efeito imediato, dizem analistas

Trump anunciou alíquota de 10% para punir o grupo

Redação ANSA 07/07/2025
Tarifa de Trump contra Brics não deve ter efeito imediato, dizem analistas
Donald Trump anunciou tarifa para punir países do Brics © ANSA/EPA

A tarifa adicional de 10% contra países "alinhados ao Brics" anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve ter poucos efeitos imediatos, de acordo com analistas ouvidos pela ANSA, que apontam a postura errática do mandatário americano.


"A gente não sabe como vai ser a situação daqui a uma semana ou um mês. Então eu levaria esse anúncio com muita cautela, porque a gente não sabe se vai ser a palavra final", afirmou Kai Lehmann, professor associado de relações internacionais na Universidade de São Paulo.

Pouco depois de tomar posse, Trump chegou a ameaçar o Brics com uma taxa de 100% caso os membros do grupo substituíssem o dólar em suas transações, alíquota significativamente maior do que os 10% anunciados agora. "Temos visto Trump fazer uma série de ameaças, e eventualmente essas ameaças não serem cumpridas", reforçou Laerte Apolinário Júnior, professor de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Ainda assim, segundo o analista, o presidente dos EUA vê o bloco como uma "iniciativa chinesa" e tem como objetivo "pressionar os países a não se aproximar" de Pequim. "Não acho que a tarifa vá ter efeito prático imediato, mas reforça a percepção de risco desses países de depender cada vez menos dos EUA", salientou Apolinário Júnior.

Por outro lado, isso não significa necessariamente uma cooperação maior dentro do Brics contra o tarifaço americano. "É um grupo muito disperso, com países muito diferentes, então a manutenção de uma posição comum em longo prazo me parece muito improvável", disse Lehmann.

Segundo o professor da USP, as tarifas como instrumento político são "uma das poucas posições consistentes" de Trump ao longo da vida, "mas parece que ele não tem a mínima ideia de como elas funcionam na prática". "Os resultados principais disso são dois: aumentar a inflação para o consumidor americano caso essas tarifas sejam aplicadas e criar um péssimo clima para investimentos", afirmou.