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Lula na abertura do fórum empresarial do BRICS: 'Nós abrimos as portas, mas quem sabe fazer negócios são os empresários'

05/07/2025
Lula na abertura do fórum empresarial do BRICS: 'Nós abrimos as portas, mas quem sabe fazer negócios são os empresários'
Foto: © Foto / Antonio Cruz / Agência Brasil

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, abriu os trabalhos do Fórum Empresarial do BRICS, evento que acontece durante todo o sábado (5) no Rio de Janeiro com a participação de empresários dos 11 países-membros e dez países parceiros.

Durante o discurso, Lula ressaltou a importância dos governos em abrir portas para que novos negócios possam ser viabilizados.

"Toda vez que os presidentes resolvem fazer um evento internacional, é importante que seja compartilhado com outros segmentos da sociedade, tanto civil quanto empresariais. Nós presidentes abrimos a porta, mas quem sabe fazer negócios são os empresários", disse.

O presidente brasileiro adiantou que recebeu o convite para participar da cúpula da Associação dos Países do Sudeste Asiático (ASEAN), que acontece em setembro na Malásia, do primeiro-ministro do país, Anwar Ibrahim. O político malásio também esteve presente no evento.

Durante a abertura do Fórum Empresarial dos BRICS, neste sábado (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Durante a abertura do Fórum Empresarial dos BRICS, neste sábado (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Ao longo do discurso, Lula enfatizou que o BRICS já é responsável por quase 40% do PIB global em paridade de poder de compra e ainda possui uma média de crescimento econômico acima dos demais países do globo.

"Temos muito a aprender com a sinergia permanente com os países em desenvolvimento. Diante do retorno do protecionismo, cabe aos emergentes defender o multilateralismo e a reforma da governança global", acrescentou.

Lula ainda defendeu que o Sul Global tem o papel de liderar um novo modelo de desenvolvimento sustentável, baseado na industrialização verde e na agricultura de baixo impacto ambiental. Segundo ele, os países já estão preparados para atuar nesse processo de transformação com base em sua vocação ecológica, compromisso social e capacidade tecnológica.

"Temos 33% das terras agricultáveis do planeta, somos os maiores investidores em energia renovável e acumulamos uma tradição ecológica justa e inclusiva. Cabe a nós apresentar soluções reais para os desafios globais", afirmou o presidente.

Além disso, o presidente brasileiro afirmou que a descarbonização das economias é um processo irreversível, e que o futuro exige uma revolução tecnológica que permeie todos os setores — da infraestrutura pública à inteligência artificial.

Lula elogiou o papel estratégico do BRICS na criação de uma aliança contra a fome e a pobreza. Segundo ele, a consolidação de frentes como essa requer mobilização de recursos e maior qualificação dos países em todas as etapas das cadeias globais de suprimentos.

"O BNDES vem batendo recordes de investimentos e pode ser um dos vetores desse novo ciclo de crescimento sustentável", disse.

Na visão do presidente, é necessário simplificar o comércio internacional e desenvolver meios de pagamento alternativos para fortalecer a soberania econômica dos países do Sul. "Cabe aos governos abrir portas e aos empresários fazer negócios", afirmou, reforçando que os Estados devem criar condições para que o setor privado atue com responsabilidade e inovação.

Crises humanitárias e conflitos armados

Lula também fez um apelo pela paz e criticou o vácuo de liderança internacional que agrava crises humanitárias e conflitos armados.

"O fim das guerras é uma das responsabilidades dos chefes de Estado. Este fórum e a cúpula dos BRICS precisam oferecer soluções concretas para um mundo mais estável e justo. Estamos construindo, juntos, uma solidariedade verdadeira."

No fim, o primeiro-ministro da Malásia, Anwar bin Ibrahim, afirmou que o Sul Global não deve ser visto como ex-colônias, mas países independentes que atuam na defesa do multilateralismo. "O presidente Lula tem a coragem para prosseguir como uma voz das aspirações do povo do Sul Global", encerrou.

Por Sputinik Brasil