Brasil
Desafio de lidar com as big techs é tema em painel do BRICS liderado pela diretora da Sputnik

Jornalistas, professores e intelectuais debateram, nesta sexta-feira (4), os objetivos que devem nortear o BRICS e a importância da mídia e da comunicação para o fortalecimento do grupo, durante o Encontro de Jornalistas do BRICS.
Na mesa que discutiu o "Desenvolvimento de redes de comunicação independentes para o Sul Global", a diretora da Sputnik na América Latina, Daria Yuryeva, destacou o trabalho da agência, que completa 10 anos em 2025.
A jornalista destacou que a Sputnik combina formatos tradicionais com novos formatos, voltados às redes sociais, para atingir a maior gama de público e, no caso das últimas, sobretudo os mais jovens, que optam por se informar através das redes digitais.
Por outro lado, Yuryeva ressaltou o desafio de lidar com as plataformas digitais que bloqueiam as mídias que não se seguem as linhas editoriais da grande mídia mainstream norte-americana.
"Qualquer mídia que é independente e que está ganhando certa popularidade desafia e vai ter esses problemas, esses riscos de poder ser sacada do ar do Facebook e do Instagram, do TikTok, do YouTube, que são as plataformas que estão mais usadas, pelo menos se falamos da América Latina", pontuou a diretora da Spuntik.
Além disso, o diretor da Telesur, Beto Almeida, ressaltou o papel do canal venezuelano que, segundo ele, é para a integração dos povos e é um tipo de jornalismo que "incomoda àqueles que não querem nenhum tipo de mudança".
Já José Reinaldo Carvalho, editor da Brasil 247, ressaltou que há em curso uma "guerra da comunicação" tão desigual quanto as "guerras de destruição em massa", uma vez que o "poderio para difundir ideias está do lado do imperialismo".
Nesse sentido, ele ressaltou que esta se trata de uma das principais batalhas do mundo contemporâneo.
A importância da mídia alternativa
Os jornalistas Luan Scliar, Eduardo Vasco e Mário Souza compuseram a mesa e debateram sobre a importância da mídia alternativa.
Vasco, durante sua fala, expôs uma pesquisa que mede as audiências midiáticas - que mostram que as chamadas mídias hegemônicas ocupam os primeiros lugares -, mas o nível de confiabilidade nas mesmas vem caindo. Ele ponderou, então, a mídia alternativa pode capturar essa audiência.
Já Souza, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, defendeu a democratização da mídia e que os canais fora dos grandes conglomerados, que não trabalham pelos interesses do capital, mas em favor de uma informação de qualidade, sejam contemplados e que haja uma democratização na distribuição dos recursos econômicos.
'Informação não é mercadoria, é direito'
A jornalista e professora de política internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Beatriz Bissio, afirmou que, para o BRICS existir, outras ações – como a Conferência de Bandung e a Conferência de Países Não-Alinhados – que priorizaram a cooperação sul-sul pavimentaram o caminho.
Agora, segundo a analista, um dos grandes desafios do bloco é fomentar a comunicação, a informação e a mídia como estruturas fundamentais para "capturar corações e mentes".
Conforme pondera, enquanto o mundo for dominado por grandes conglomerados de mídia que fazem parte e defendem o interesse do mercado financeiro, o multilateralismo sofrerá para desenvolver-se, uma vez que o BRICS vem sendo "atacado por uma visão de mundo anacrônica".
"Sem mídia, sem uma população informada e que entenda a batalha" que o Sul Global enfrenta, "seremos derrotados", analisa. "Informação não é mercadoria, é direito", arremata.
‘BRICS surge da clivagem de um mundo em transformação’
Na esteira do que afirmou a professora Beatriz Bissio, sobre o movimento do BRICS, o pesquisador do Núcleo de Estudos dos Países BRICS (NuBRICS), da Universidade Federal Fluminense (UFF), Lier Pires Ferreira, considera que o BRICS surge como "um movimento de insurgência."
Segundo o especialista, o BRICS surge como uma oportunidade de "ruptura de um mundo unilateral".
Por Sputinik Brasil
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