Cidades
“Gripe coletiva” é usada como justificativa para cancelar sessão da Câmara em Palmeira
Vereadores aparecem nas redes se preparando para a sessão, mas não entram no plenário. Presidente alega “gripe em bloco” e sessão que votaria requerimento para saber onde estão os R$106 milhões da CASAL é cancelada sem votação

A 15ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Palmeira dos Índios, marcada para o dia 2 de julho de 2025, foi oficialmente cancelada por falta de quórum. Mas o que chamou a atenção da população não foi apenas a ausência dos parlamentares no plenário — e sim a justificativa incomum dada pelo presidente da Casa: um “surto de gripe” teria impedido vários vereadores de participar da sessão.
O mais curioso é que, momentos antes da sessão, alguns vereadores publicaram nas redes sociais que estavam se preparando para o plenário, inclusive nas dependências da própria Câmara. No entanto, quando a hora chegou, esses mesmos parlamentares não compareceram à sessão ou se ausentaram sem registro oficial de presença.
O presidente Madson Luciano Monteiro, ao justificar a não realização da sessão, afirmou que a maioria dos vereadores ausentes estava gripada.
Entretanto, parte deles sequer apresentou justificativa formal, e o episódio gerou forte repercussão negativa entre os cidadãos.
A sessão tinha uma pauta extensa e relevante. Projetos de lei importantes estavam na fila para leitura e tramitação, como a criação de uma Bolsa Auxílio Permanência para estudantes da EJA, proposta pelo vereador Toninho Garrote que se ausentou, e a incorporação de gratificações ao vencimento base dos servidores efetivos, que seria apresentada por Jânio Marques.
Além disso, três requerimentos de forte teor fiscalizatório seriam votados. Um deles, de autoria do vereador Helenildo Neto, solicitava informações detalhadas sobre os mais de R$ 106 milhões recebidos com a concessão dos serviços de água e esgoto do município.
Nada disso foi debatido ou votado. O plenário ficou vazio, e a população, mais uma vez, sem representação.
A justificativa da “gripe coletiva” foi recebida com ironia. Questiona-se a coincidência de tantos vereadores adoecerem simultaneamente, justamente no dia da sessão. “Gripe sazonal ou compromisso gripado?”, ironizou um popular. Outro foi direto: “Se trabalhador gripado falta, tem desconto. E vereador?”
A ausência em massa, agravada pela falta de justificativa formal de parte dos parlamentares, reforça o sentimento de descrédito com o Legislativo municipal. Para a população, a cena de vereadores nas redes, sorrindo e dizendo que iriam participar da sessão — e depois simplesmente não comparecendo ao plenário — representa um desrespeito ao mandato e à cidade.
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