O papa Leão XIV mantém "em aberto" a possibilidade de participação na COP30, cúpula climática das Nações Unidas que acontecerá no próximo mês de novembro, em Belém, no Pará, após ter sido convidado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Em coletiva de imprensa no Vaticano, o cardeal brasileiro Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), disse que o Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) sugeriu ao pontífice sua presença na conferência da ONU.

"O governo brasileiro fez um convite oficial, e hoje voltamos ao assunto na audiência que tivemos com o Papa, mas ele deixou a questão em aberto. Em novembro ele deve ir a Niceia, vamos ver o que o Espírito Santo dirá em seu coração", declarou Spengler, citando a visita que Robert Prevost deve fazer à Turquia para celebrar os 1,7 mil anos do Primeiro Concílio de Niceia.

A coletiva de imprensa ocorreu após representantes da Igreja Católica no "Sul do mundo", incluindo África, Ásia, América Latina e Caribe, apresentarem ao pontífice um documento sobre a crise climática e temas que serão discutidos na COP30.

"Queremos que esse documento seja levado em consideração na fase preparatória da COP30. A mensagem dele é clara: não há justiça climática sem conversão ecológica, e não há conversão ecológica sem resistência às falsas soluções", salientou Spengler, que pediu "decisões corajosas" para proteger o futuro das próximas gerações.

Já o arcebispo de Goa e Damão, na Índia, cardeal Filipe Neri Ferrão, cobrou que os países ricos "reconheçam e paguem sua dívida ecológica, sem continuar a endividar o Sul do mundo". "Queremos que a COP30 não seja só mais um evento, mas sim uma reviravolta moral", salientou.

A questão climática entrou na pauta da Igreja Católica durante o pontificado de Francisco, que, de forma inédita, dedicou uma encíclica exclusivamente a esse tema, a "Louvado seja".