Internacional
MRE do Irã demonstra ceticismo sobre retomada rápida de diálogo com EUA; 'precisamos de mais tempo'

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, disse nesta segunda-feira (30) que a retomada do diálogo com os EUA sobre o programa nuclear não deve ocorrer tão cedo, em sua primeira entrevista a um veículo de mídia americano dentro do Irã desde os bombardeios.
"Não acho que as negociações sejam retomadas tão rápido" disse o chefe da diplomacia iraniana em entrevista ao canal CBS, sobre as declarações do presidente americano, Donald Trump, que afirmou que o diálogo poderia reiniciar ainda nesta semana.
Entretanto, ele enfatizou que "as portas da diplomacia nunca se fecharão completamente".
"Para que possamos decidir retomar o engajamento, primeiro precisamos garantir que os Estados Unidos não voltarão a nos atacar militarmente durante as negociações. Considerando tudo isso, ainda precisamos de mais tempo".
O MRE iraniano também negou a afirmação do governo Trump de que os bombardeios perpetrados pelos EUA haja "obliterado" a tecnologia e a ciência do enriquecimento do urânio no país persa.
"Se houver essa vontade da nossa parte — e essa vontade existe para, mais uma vez, avançar nessa indústria — seremos capazes de reparar rapidamente os danos e recuperar o tempo perdido", afirmou. "O programa nuclear pacífico do país se tornou uma questão de orgulho e glória nacional. Também passamos por 12 dias de guerra imposta, portanto, o povo não recuará facilmente do enriquecimento."
Israel lançou uma operação contra o Irã na madrugada de 13 de junho, acusando Teerã de desenvolver um programa nuclear militar secreto. As ações incluíram bombardeios aéreos e ataques de grupos de sabotagem contra instalações nucleares, generais, físicos nucleares de destaque e bases aéreas.
O Irã rejeitou as acusações e também respondeu com ataques, que duraram 12 dias. Os Estados Unidos se envolveram com um ataque às instalações nucleares iranianas na noite de 22 de junho. Em resposta, Teerã lançou mísseis contra a base norte-americana de Al Udeid, no Catar, em 23 de junho, e anunciou que não tinha a intenção de escalar ainda mais o conflito.
Trump comentou que o ataque à base militar foi fraco, mas que esperava que tivesse servido como "válvula de escape" e que agora seja possível trilhar um caminho de paz e harmonia no Oriente Médio. Trump também afirmou que Irã e Israel haviam concordado com um cessar-fogo, que, após 24 horas, colocaria fim formal à guerra de 12 dias.
Trump também indicou que poderia ordenar novos ataques ao Irã caso o país retome o enriquecimento de urânio além de determinado nível. Araghchi questionou a legalidade de tal ação e afirmou que o Irã está preparado para novos ataques.
Na entrevista, Araghchi garantiu que o Irã está preparado para se defender se for atacado novamente.
"Durante esta guerra imposta de 12 dias, demonstramos e provamos que temos a capacidade de nos defender, e vamos continuar fazendo isso diante de qualquer agressão" afirmou ele.
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