Alagoas está prestes a fazer história no audiovisual. A série "Contos Perdidos de Alagoas", primeira produção de ficção seriada do estado, já está em fase de gravação em Arapiraca, no agreste alagoano. A trama mergulha em uma narrativa que mistura fé, mistério e memória — tendo como pano de fundo um embate que acontece dentro do ser humano: a eterna luta entre o bem e o mal.

Com locações escolhidas entre a zona rural e o centro urbano da cidade, a série se desenrola em dois momentos distintos: a Arapiraca dos anos 1970 e a cidade atual. Um dos cenários principais é a simbólica igrejinha da Praça dos Curis, local que carrega valor histórico e se integra à estética da narrativa.

A direção está nas mãos de Anderson Barros, Anderson Soares e Vitor Souza. Em entrevista ao g1, Vitor — que também assina o roteiro — destacou o propósito da obra: “A série traz esse debate: até onde você iria para proteger quem ama?”

ENREDO

A história acompanha Samuel (Henrique Ávlis), jornalista que retorna à sua terra natal em busca de respostas sobre o passado da própria família. Nessa investigação, ele descobre a trajetória de Maria (Ana Beatriz), uma criança que, nos anos 1970, realizava supostos milagres e atraía romeiros de todo o Estado.

Ao lado da misteriosa Dona Neuza (Luciana Souza) e do Padre Rodrigues (Alberto do Carmo), Samuel inicia uma jornada para desvendar os segredos dessa história. Mas logo se vê confrontado pela presença sombria de Virgílio (Gabriel Faindé), personagem que tenta apagar essa memória coletiva.

FORMAÇÃO E PARTICIPAÇÃO POPULAR

Antes das gravações, a atriz Luciana Souza — conhecida pelos filmes Ó Pai Ó e Bacurau — conduziu uma intensa preparação com o elenco entre abril e maio, no campus da Uneal, em Arapiraca.

Também foram realizadas oficinas gratuitas de atuação e produção audiovisual, com apoio da Prefeitura de Arapiraca e da Uneal, por meio das produtoras Brothers, Vision, Graphos e Oxe Vamos Nessa. Os encontros aconteceram no Planetário Digital de Arapiraca e tiveram todas as vagas preenchidas.

“Fiquei surpresa com o que vi aqui. Existe uma avidez por aprender. Isso nos mostra o quanto a cultura ainda precisa de incentivo”, comentou Luciana.

PRODUÇÃO INDEPENDENTE E IMPACTO REGIONAL

O projeto é resultado da parceria entre a Agência Brothers (Arapiraca) e a Cine Arts Produções (Salvador), com recursos do edital “Casamento É Negócio?” da Lei Paulo Gustavo. A proposta foi uma das mais bem avaliadas no estado.

Mais de 200 profissionais de Alagoas e da Bahia estão envolvidos na produção, que está movimentando a economia e fortalecendo os setores cultural e turístico da região.

“O nosso desejo é que as pessoas vejam a série e digam com orgulho: ‘Foi gravada na minha cidade, com atores da minha terra’”, destacou o diretor e roteirista Vitor Souza.

A primeira temporada terá seis episódios de 26 minutos. Após a fase de montagem, a estreia está prevista para acontecer em uma sessão especial no cinema de Arapiraca, antes de ser apresentada em festivais e rodadas de negócios, com o objetivo de alcançar plataformas de streaming.