A prefeita de Palmeira dos Índios, Luísa Duarte (MDB), contratou a banda Brucelose, liderada pelo bolsonarista e ex-ministro do Turismo Gilson Machado, para se apresentar no dia 28 de junho de 2025, durante os festejos juninos promovidos pela Prefeitura. A contratação foi feita por inexigibilidade de licitação, e o valor do cachê não foi divulgado no extrato oficial publicado no Diário Oficial do Município, descumprindo princípios da transparência pública.

Gilson Machado, que integrou o governo Jair Bolsonaro, tem se tornado uma figura de perfil folclórico nas redes sociais, especialmente por sua atuação incisiva em defesa do ex-presidente — hoje inelegível — desde a derrota nas eleições de 2022. Além disso, continua circulando em eventos e mídias ligados à extrema-direita brasileira, o que confere à contratação um componente político sensível.

O contrato, celebrado com a empresa Brucelose Produção Musical LTDA (CNPJ nº 01.764.160/0001-70), foi registrado sob o número 060/2025, com base no processo nº 3351/2025. A intermediação foi feita pela Secretaria Municipal de Cultura, com vigência até 31 de dezembro de 2025. O show será financiado com recursos alocados para a função orçamentária de "Realização de Festas Culturais, Tradicionais e Cívicas", dentro da dotação de "Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Jurídica".

Apesar do caráter público da contratação, o valor a ser pago não foi informado no documento oficial, o que fere os princípios constitucionais da publicidade e da moralidade administrativa. A omissão já repercute negativamente e pode ser alvo de questionamento por órgãos de controle, como o Ministério Público.

A gestão de Luísa Duarte, embora eleita com apoio do ex-prefeito Júlio Cezar, é marcada por uma aliança política complexa. Governando com o apoio do PT — partido da vice-prefeita Sheila Duarte, —, a prefeita conduz uma administração onde convivem correntes de esquerda, centro e até simpatizantes do bolsonarismo. A contratação de uma banda diretamente associada a um ex-ministro de Bolsonaro, portanto, expõe os paradoxos dessa coalizão fragmentada e pragmática, que frequentemente se reflete nas decisões políticas e administrativas da cidade.

A população, por sua vez, continua sem acesso ao valor real dessa contratação, enquanto o município segue promovendo festas públicas em meio a crescentes questionamentos sobre prioridades, planejamento e transparência dos gastos.