Política
Sessão homenageia 29 anos da coordenação nacional de comunidades quilombolas

Na sessão de homenagem aos 29 anos da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) nesta segunda-feira (26), os participantes ressaltaram a luta da organização pela titularidade de terras, conforme determina a Constituição de 1988. A Conaq foi criada em maio de 1996 durante um encontro de comunidades negras rurais na Bahia.
A deputada Jack Rocha (PT-ES), que propôs a realização da sessão, ressaltou que o movimento representa a luta da população negra por visibilidade. “A Conaq é acima de tudo um instrumento de luta coletiva contra o racismo, contra a violência institucional, contra o modelo excludente de propriedade da terra e, principalmente, que luta pela reparação, pelo direito de existir, pelo direito de produzir, de viver em liberdade e com dignidade, pela luta do bem-viver.”
O coordenador-executivo da Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, José Silvano Silva, lembrou que a ideia de criar o movimento nasceu durante a marcha a Brasília para comemorar os 300 anos de Zumbi dos Palmares, em 1995. Um ano depois, o coletivo negro foi criado formalmente.
Terras quilombolas
De acordo com o ativista, os remanescentes de quilombos começaram a se organizar logo depois da promulgação da Constituição de 1988 para exigir a titulação de seus territórios. A Constituição prevê que as comunidades quilombolas que estivessem ocupando suas terras em 1988 tinham direito à posse.
No entanto, José Silvano destaca que ninguém sabia como isso poderia ser feito. “Não tinha nenhum detalhe do que é um quilombo, como que se titula, como seria o rito para se titular terra", contou.
A organização do movimento surgiu, segundo Silvano, para fazer a lei se tornar realidade. "Primeiro, saber se o artigo era ou não autoaplicável. Na época, as lideranças não tinham ideia de como é que se faz um processo jurídico.”
Como resultado dessa organização, o governo brasileiro concedeu o primeiro título de posse de um território quilombola em 1995. O quilombo fica no município de Oriximiná, no Pará.
Censo do IBGE
O coordenador nacional da Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, Jhony Martins, ressaltou que, de acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil conta atualmente com 8 mil comunidades quilombolas.
Passados 30 anos da concessão do primeiro título de propriedade a uma comunidade quilombola, a posse do território continua sendo a principal reivindicação dos remanescentes de quilombo, segundo os participantes da sessão solene.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) afirmou que, somente com o título de posse, as comunidades poderão resistir e evitar que seus territórios “sejam dragados pela especulação imobiliária, por quem não reconhece a história do País”.
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