Internacional
Ainda há dúvidas se Ucrânia tem interesse e autoridade para negociar a paz, diz analista (VÍDEOS)

A primeira negociação direta entre Rússia e Ucrânia para um acordo de paz duradoura, desta sexta-feira (18), em Istambul, Turquia, já obteve resultados palpáveis, como o anúncio da libertação mil prisioneiros de ambos os lados nos próximos dias.
Além disso, foi informado pelas delegações dos países envolvidos a possibilidade de um encontro entre o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e Zelensky.
Mas a caminhada ainda é longa: em entrevista para a Sputnik Brasil, o analista geopolítico Hugo Albuquerque avaliou os resultados do encontro e abordou a complexidade das futuras negociações.
"As negociações de paz têm de abarcar tudo o que aconteceu, inclusive os territórios que a Rússia incorporou no campo de batalha e a Ucrânia não conseguiu retomar. Assim como a necessidade maior de segurança para a Rússia."
Para ele, a iniciativa de paz da Rússia é "um gesto magnânimo", similar ao que ela já havia feito anteriormente nos Acordos de Minsk há cerca de nove anos.
Os acordos, assinados em fevereiro de 2015, previam o cessar-fogo em Donbass, retirada de armamentos pesados da linha de demarcação entre as forças ucranianas e as milícias locais, além de medidas para uma solução política de longo prazo. Porém, os termos foram violados de forma sistemática por Kiev por influência de vários países europeus e dos EUA.
"As potências europeias, que funcionavam como fiadoras, mentiam em relação aos acordos, como a própria ex-primeira ministra da Alemanha, Angela Merkel, assumiu na imprensa que ela mentia para Moscou.
Segundo ele, chegada do presidente Donald Trump à Casa Branca mudou o tabuleiro geopolítico para os europeus. No continente, diz, existe um campo majoritário liberal e alinhado ao Partido Democrata.
Esses políticos, diz, "toparam a guerra na Ucrânia por uma ordem do governo americano, então, sob a presidência de Joe Biden". O analista afirmou ainda que esse arranjo internacional atende aos interesses particulares de Zelensky que vê ameaçada sua carreira política e mesmo sua vida com o fim do conflito.
"O fato é que os líderes europeus não estão preocupados com o interesse econômico dos seus países. Eles têm uma preocupação política interna e essa preocupação os faz manter uma guerra que não os interessa."
"Agora, buscam jogar o custo dessa guerra na Rússia e no presidente Trump como forma de exteriorizar os problemas internos que eles toparam arcar", argumenta.
A perda de um aliado vital na Casa Branca, com a saída de Biden, fez com que Zelensky se conscientizasse de que manter o empreendimento da guerra ficaria ainda mais difícil. No entanto, isso não significou uma mudança de pensamento em Bankovaya.
Pelo contrário, pondera Albuquerque, o ucraniano tenta buscar uma paz não duradoura para ganhar tempo e retomar um contra-ataque como forma de se manter no poder. "O próprio Zelensky está com a cabeça a prêmio. Corre o risco de não só perder o poder, como perder a vida contra setores extremados da Ucrânia com os quais ele se aliou e são favoráveis à manutenção da guerra."
"São setores de extrema direita, alguns até reivindicam o nazismo ou formas de neonazismo”.
Ainda segundo Albuquerque, as condições atuais no interior da Ucrânia são incertas e o futuro depende de garantias de outras partes e conversas "muitas delicadas" que teriam que envolver o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) para fixar marcos muitos claros.
"Isso tem, de alguma maneira, de condicionar o Estado ucraniano e não o governo ao cumprimento, porque se isso segue como obra de um governo, que fez a guerra e agora resolveu fazer a paz, há dúvida se esse é o interesse sincero da Ucrânia e se ela é tem autoridade para mudar o consenso social e por fim ao conflito."
Por Sputinik Brasil
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