Política

Prisão de Collor se dá 35 anos após ele confiscar a poupança enquanto Presidente

Cinara Corrêa 25/04/2025
Prisão de Collor se dá 35 anos após ele confiscar a poupança enquanto Presidente

O ex-presidente Fernando Collor foi preso nesta sexta-feira, 25 de abril, para cumprir pena de oito anos e dez meses por corrupção e lavagem de dinheiro em um esquema na BR Distribuidora. A prisão foi determinada por Moraes, que rejeitou recursos contra a condenação, ocorrida em 2023.

Coincidência ou não, nesta mestra data, há 35 anos, o governo do ex-presidente era marcado pelo episódio do confisco da poupança.

O confisco da poupança (formalmente empréstimo compulsório, enxugamento monetário ou ainda bloqueio de liquidez foi parte de um plano econômico brasileiro chamado de Plano Brasil Novo durante o governo do ex-presidente Fernando Collor.

No fim da década de 1980, a inflação brasileira chegou a acumular quase 2000%; já em abril de 1990, foi ainda mais grave, subindo 6821%.
O governo de Fernando Collor confiscou a poupança em 1990 para controlar a hiperinflação, que chegava a 80% ao mês. A medida foi uma tentativa de estabilizar a economia, mas não teve o efeito esperado.

O preço de todos os produtos subia sem parar, a cada dia que se passava o poder de compra dos brasileiros diminuía, e o cruzeiro — moeda que vigorava na época — valia cada vez menos com relação ao dólar.

O plano bloqueou o dinheiro da caderneta de poupança, dos CDBs, dos fundos de renda fixa, valores em conta corrente e investidos no overnight.

Conforme descrito pela Agência Senado, a MP 168/1990 — parte do Plano Collor para a estabilização da economia — alterou a então moeda vigente, o cruzado novo, pelo cruzeiro, além de limitar os saques de poupança a apenas 50 mil cruzeiros (valor que, hoje, corresponderia a cerca de R$ 18 mil).

O fracasso dos Planos Collor I e II fez o governo elaborar um terceiro plano econômico. O insucesso dos dois primeiros planos também resultou na demissão da ministra Zélia Cardoso, sendo substituída por Marcílio Marques Moreira. O plano elaborado pelo novo ministro recebeu o seu nome.

O Plano Collor não obteve sucesso na redução da taxa de inflação. A impopularidade das medidas tomadas pelo presidente, somadas à crise econômica e ao escândalo de corrupção envolvendo Collor culminaram com o seu impeachment, sob forte pressão popular, no dia 29 de dezembro de 1992.

Após audiência de custódia, nesta sexta-feira, o ex-presidente saiu da sede da Polícia Federal no bairro de Jaraguá, para o presídio Baldomero Cavalcanti, onde permanecerá em uma ala especial.
Na audiência de custódia, a prisão foi mantida, por decisão juiz instrutor do gabinete de Alexandre de Moraes.