Com apoio do Governo de Alagoas, o jornalista e ator Jamerson Soares publicou sua nova crônica "No dia em que pus pra fora o grito". O texto, carregado de memórias íntimas e coletivas, entrelaça experiências de dor, pertencimento e transformação, compondo um grito literário que busca romper os silêncios impostos ao longo da vida.

Selecionada no Edital nº 22 do Concurso Literário Anilda Leão, a crônica foi publicada no blog pessoal do autor, ‘Contando histórias além do visível’, após passar por revisão e edição do escritor Magno Almeida. Em breve, o conteúdo também será compartilhado na Revista Alagoana e no site literário Loitxa Lab. Além da versão escrita, o projeto contempla um vídeo narrado por Jamerson, com trechos da crônica e imagens do cotidiano, a ser lançado no YouTube e Instagram.

Outro desdobramento do projeto será a oficina literária “Em Busca da Literatura da Vida Real”, marcada para o dia 26 de abril, no Anfiteatro do Centro de Inovação, no bairro de Jaraguá, em Maceió. A atividade, que mescla teatro, escrita poética e experiências pessoais, será gratuita e com inscrições abertas pela plataforma Sympla.

Sobre a obra

"No dia em que pus pra fora o grito" começou a tomar forma entre novembro e dezembro de 2024, após um episódio familiar desconfortável, como conta Jamerson. “Em meados de agosto, meu tio me xingou diversas vezes por conta da minha homossexualidade, da minha auto-orientação sexual. Isso aconteceu porque ele não suportou minha defesa diante das agressões verbais dele. Foi justamente naquele instante que tive algo parecido com uma epifania”, relembra o autor.

Além desse episódio, a crônica revisita lembranças da infância de um garoto que cresceu em uma igreja evangélica, tendo que se conter para se encaixar em padrões impostos. Também traz à tona uma experiência de agressão verbal vivida em um espaço público, após uma demonstração de afeto entre dois homens.

“Algo me impulsionava a escrever sobre tudo isso, como se fosse um grito. Um grito de revolta, mas também um grito coletivo. Não era só eu que estava sendo agredido ali; era como se toda a comunidade LGBTQIA+ estivesse sendo violentada naquele momento”, pontua.

Segundo Jamerson, a crônica foi escrita com elementos poéticos e representa um grito de catarse que esteve guardado por muito tempo. “Fiquei muito feliz e lisonjeado por ter sido aprovado na PNAB com esse projeto. Escrever é uma paixão, uma vocação que não largo por nada. É através da escrita que me coloco no mundo, que me reencontro, que ressignifico o vazio em mim. A escrita me reconecta com meus passados e com meus valores”, destaca.

O projeto é realizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do Governo Federal, através do Ministério da Cultura (Minc), operacionalizado pela Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult).

Para a secretária de Estado da Cultura e Economia Criativa, Mellina Freitas, iniciativas como essa fortalecem a produção literária alagoana e ampliam vozes historicamente silenciadas.

“Jamerson transforma vivências em arte, e a crônica é uma ferramenta para dar visibilidade a essas narrativas. A cultura cumpre esse papel fundamental de reconhecer, acolher e projetar essas vozes. Estamos felizes por apoiar esse projeto por meio da PNAB”, destacou a secretária.

Confira a crônica clicando aqui.

Trajetória literária

Jamerson Soares iniciou suas publicações em 2016 com o poema “Eu te procuro”, incluído na coletânea Sarau Brasil – Concurso Nacional Novos Poetas. Em 2021, teve dois poemas publicados no livro “Quebra – Poesia Negra Contemporânea MCZ”, organizado pelos escritores alagoanos Richard Plácido e Érika Santos. No mesmo ano, publicou textos no portal Ruído Manifesto e no selo independente alagoano Loitxa Lab.