O senador Renan Calheiros (MDB-AL) divulgou nesta semana, em suas redes sociais, uma declaração contundente em solidariedade ao deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), cujo mandato está ameaçado após o Conselho de Ética da Câmara recomendar sua cassação por 13 votos a 5. Glauber é acusado de quebra de decoro por conta de um embate físico com um militante do MBL em 2023, mas seus apoiadores enxergam na movimentação uma retaliação política por sua postura crítica ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) — adversário histórico de Renan.

Em vídeo, Renan afirmou que pretende visitar pessoalmente Glauber, que está em greve de fome há mais de uma semana no plenário da Câmara dos Deputados. “De maneira altiva e digna, ele reage a uma campanha persecutória, injustificável e cruel contra um mandato conferido pela sociedade do Rio de Janeiro”, disse o senador.

O alagoano classificou o processo de cassação como “inquisitorial” e acusou a existência de “mãos ocultas” operando por trás da tentativa de cassação: “É o método dos dissimulados e pusilânimes, que têm o péssimo hábito de se esconder por covardia.”

Renan ainda associou a situação de Glauber a outros episódios que, segundo ele, revelam o avanço de práticas autoritárias e antidemocráticas no país. Citou a tentativa de prender diretores de institutos de pesquisa, a ausência da PRF durante episódios eleitorais em 2022, e o caso recente de tentativa de renúncia forçada do prefeito de Rio Largo, em Alagoas. “A história será sempre severa com os omissos e generosa com os justos”, afirmou.

Ao final, o senador resumiu sua posição com veemência:

“A defesa do deputado Glauber é a defesa da essência da própria democracia. O silêncio é cúmplice das injustiças.”

Com o risco real de cassação batendo à porta de Glauber Braga, o movimento de Renan é visto como um importante gesto político, tanto pela sua relevância no Senado quanto por seu histórico de embates com o centrão. Vale lembrar que, em caso de perda do mandato, quem assume a vaga é a suplente Heloísa Helena, ex-senadora e ex-vereadora por Maceió, filiada à federação PSOL/Rede.

O desfecho do caso promete tensionar ainda mais o cenário político em Brasília, especialmente num momento em que partidos de esquerda, como o PSOL e o PT, tentam articular apoio para barrar a cassação. Até o momento, porém, a maioria do centrão segue irredutível.