Cidades
Escândalo na Assembleia do CSE: sócios fundadores e ex-dirigentes são barrados em noite de tensão e manobras nos bastidores
Jogador Ibson Melo assume controle do clube sob questionamentos legais, enquanto Júlio Cezar articula retorno político via futebol e sócios históricos denunciam exclusão deliberada

O CSE – Clube Sociedade Esportiva viveu, na noite desta quinta-feira (10), um dos episódios mais conturbados de sua história recente. Em meio à realização de uma Assembleia Geral que prometia definir os rumos do clube, o que se viu foi um cenário de exclusão, autoritarismo e profundo desrespeito com figuras históricas do Tricolor de Palmeira dos Índios.
Sócios fundadores, ex-presidentes, ex-diretores e até o administrador do Estádio Juca Sampaio foram impedidos de entrar nas dependências do clube por seguranças privados, sob ordens — segundo relatos — do jogador Ibson Melo, que tem acumulado, sem respaldo jurídico claro, as funções de atleta, conselheiro e presidente do Conselho Deliberativo do clube.
O fato foi presenciado e certificado por um tabelião público, convocado para acompanhar a Assembleia e garantir sua legalidade. A ordem de impedir o acesso de figuras históricas do CSE, no entanto, transformou o encontro em um ato fechado, parcial e alvo de severas críticas.
Assembleia "mandrake" e golpe de bastidores
Ibson Melo, que retornou ao clube vindo da Tailândia, é apontado como principal financiador das atividades do time nos últimos meses, bancando até salários, logística e estrutura com recursos próprios. Em troca disso, passou a se comportar como dono do CSE, articulando nos bastidores o controle absoluto da instituição, mesmo sem eleição legal que respalde seu comando no Conselho Deliberativo.
A assembleia que o teria alçado ao cargo foi classificada por sócios fundadores como “mandrake” e antidemocrática.
O fator Júlio Cezar e a disputa pelo poder
O clima político também entrou em campo. Nos bastidores, é de conhecimento público que o ex-prefeito de Palmeira dos Índios, Júlio Cezar — conhecido como "ex-imperador" — articula sua volta à cena política usando o CSE como vitrine. Ao não conseguir emplacar seu indicado na presidência do clube no ano passado, passou a atuar nos bastidores contra a atual gestão, boicotando patrocínios e interferindo no ambiente institucional e esportivo do Tricolor.
Com a proximidade das eleições estaduais, o clube virou alvo de disputas de poder entre três forças: o grupo de Ibson Melo, com domínio financeiro e interno; o grupo de Júlio Cezar, com pretensões políticas claras; e o grupo dos sócios fundadores e históricos, que desejam resgatar a legalidade, a tradição e a autonomia do clube.
Temporada de escândalos e o desgaste institucional
Desde o ano passado, o CSE vem colecionando escândalos administrativos, financeiros e esportivos. No Campeonato Alagoano de 2025, o desempenho foi considerado sofrível, com o time encerrando a competição na sétima colocação e só não foi rebaixado porque o Igaci desistiu da disputa. A redenção, contudo, veio com o título da Copa Alagoas, conquistado "aos trancos e barrancos", como dizem os torcedores.
O mérito do título, segundo apuração da Tribuna do Sertão, recai sobre os ombros do presidente José Barbosa, que, com esforço pessoal, habilidade política e articulação com o meio esportivo, conduziu o clube ao bicampeonato. Contudo, Barbosa perdeu espaço por depender financeiramente de Ibson Melo, abrindo brecha para que o atleta assumisse os rumos do clube sem respaldo estatutário.
Clamor por renovação e legalidade
A revolta entre torcedores, sócios e membros históricos do CSE cresce a cada dia. O episódio da Assembleia desta quinta-feira foi o estopim de uma crise que já vinha se agravando, com acusações de aparelhamento, autoritarismo e abandono dos princípios que norteiam um clube centenário e popular como o CSE.
Os sócios fundadores prometem reagir judicialmente e já falam em convocar a torcida para defender o clube das mãos de oportunistas e aventureiros políticos. O clima é de guerra declarada. E a pergunta que fica é: o CSE sobreviverá à sua maior disputa fora dos gramados?
A resposta pode vir nos próximos dias, mas uma coisa é certa: o campo do Juca Sampaio virou, de vez, território de batalha política, vaidade pessoal e luta pela alma do Tricolor de Palmeira.
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