Internacional

Guerra tarifária norte-americana gera incertezas na economia mundial

09/04/2025
Guerra tarifária norte-americana gera incertezas na economia mundial

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A China elevou para 84% tarifas cobradas sobre produtos dos Estados Unidos, em mais um capítulo da guerra tarifária. A medida foi, novamente, uma resposta ao tarifaço do presidente Donald Trump, que ontem aumentou as taxas para 104% nas importações vindas do país asiático. Em paralelo, Canadá e União Europeia podem impor tarifas de 25% sobre produtos americanos.

Esse conflito deve reduzir o comércio global no curto prazo, com impacto nos juros e no preço do dólar.

No Brasil, como no resto do mundo, a moeda americana já disparou e superou os R$6, hoje de manhã. É porque o dólar ainda é considerado um porto seguro para os investidores em momentos de incertezas, como explica o professor de economia da UnB, Cesar Bergo. Para ele, o Brasil vai ter que esperar a temperatura baixar.

"Então é se esperar um aumento. Embora tenhamos reservas, o Banco Central Brasileiro vem queimando reservas nos últimos meses, inclusive para manter essa estabilidade. Mas nesse momento, não há o que fazer. É aguardar a calmaria, como diz o ministro Haddad, esperar a poeira baixar".

Com o comércio global esfriando, há menos produção - e, assim, diminui também a procura por petróleo. A tendência é de que os preços baixem, mas o dólar alto deve compensar essa diferença, explica o professor Cesar. Então, talvez a gente ainda não veja a gasolina ficar mais barata.

"Dentro da metodologia da Petrobras, é importante que se tenha tanto uma queda no preço do barril como uma queda no preço do dólar. Senão um acaba compensando o outro e o preço do combustível no final acaba não caindo. E o que vai determinar também é a questão da demanda. Se de fato permanecer essa política tarifária com redução nas produções no mundo inteiro, a tendência é que o preço dos combustíveis também venha a cair nos próximos meses".

O professor de economia da Universidade Federal do Paraná Marcelo Curado, afirma que se a China perder o mercado americano, vai ter que encontrar outros compradores. Então, a América Latina, incluindo o Brasil, pode ser um destino.

"Pode se ter um impacto por um lado positivo de produtos chineses mais baratos aqui, mas o que também se a gente olhar do ponto de vista de emprego, pode ter um impacto sobre alguns setores industriais. Então, a gente precisa ainda pensar um pouquinho no tempo, né, quando fala Brasil e China, né? Brasil e China é uma relação muito consolidada, né?" 

O professor Curado não acredita que essa guerra tarifária continue por muito tempo, por causa dos impactos negativos. E o mundo já viveu isso antes.

"No século passado, década de 30, quantos os países começaram a se fechar demais, a reduzir comércio, é ruim para todo mundo, porque o comércio traz benefícios, né? Você consegue adquirir produtos mais baratos, pros consumidores isso é ruim, mas especificamente pro Brasil, eu acho que, no curto prazo, o efeito é sobre alguns setores específicos. Agora, continuando essa guerra e aí tendo uma pressão de inflação nos Estados Unidos, provavelmente um aumento de juros americano, isso afeta também a taxa de juros no Brasil". 

Segundo o professor, os exportadores brasileiros, especialmente de aço e alumínio, vão ter que buscar novos mercados se as taxas permanecerem altas nos Estados Unidos.

U.S. President Donald Trump delivers remarks on tariffs in the Rose Garden at the White House in Washington, D.C., U.S., April 2, 2025. REUTERS/Carlos Barria
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