Alagoas

Vistorias do IMA avançam em 60% e evidenciam boas práticas ambientais em propriedades

Dálet Vieira 09/04/2025
Vistorias do IMA avançam em 60% e evidenciam boas práticas ambientais em propriedades
Ao todo, 51 propriedades foram visitadas até o momento pelo órgão ambiental - Foto: Ascom IMA/AL

Entre vivências locais e realidades diversas, o Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais (PROPSA) já alcançou mais de 60% das vistorias previstas. Nesta fase, técnicos do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL) percorrem os imóveis contemplados pelos editais de Agroecologia e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), onde têm constatado o comprometimento dos beneficiários com práticas sustentáveis e o respeito aos limites da conservação ambiental. Ao todo, 51 propriedades foram visitadas até o momento.

 

A equipe técnica esteve nos municípios de Maceió, São Luís do Quitunde, Messias, Japaratinga, Piaçabuçu, Boca da Mata, Atalaia, Chã Preta, Quebrangulo, Major Isidoro, Carneiros, Olho d’Água das Flores, Santana do Ipanema, São José da Tapera, Ouro Branco, Delmiro Gouveia, Pariconha, Inhapi, Água Branca, Poço das Trincheiras, Piranhas e Pão de Açúcar.

 

As vistorias in loco são essenciais para entender as particularidades de cada propriedade e assegurar que o programa funcione de forma eficaz. “Por mais que os planos de ação tenham nos dado uma noção geral do que encontraríamos, é no campo que conhecemos de verdade cada realidade local”, explica Gabriela Cota, assessora técnica da Gerência de Clima e Sustentabilidade (Geclim).

 

Segundo ela, as visitas têm proporcionado experiências enriquecedoras, mas também revelado realidades difíceis, porque nem todo cenário rural é marcado por abundância e fartura. Assim, a equipe notou como as mudanças climáticas intensificam a vulnerabilidade socioeconômica de algumas famílias, especialmente em relação à insegurança hídrica, que impacta diretamente a produção agrícola e a qualidade de vida no campo.

 

Marianna Farias, gerente de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade (Geclim) do IMA, reforça que o trabalho desenvolvido por meio do PSA tem como objetivo valorizar os serviços ambientais prestados pelas populações rurais, incentivando práticas sustentáveis e fortalecendo a resiliência dos territórios.

 

“Nosso compromisso é integrar a conservação ambiental à melhoria da qualidade de vida das famílias envolvidas, reconhecendo o papel fundamental que desempenham na preservação dos ecossistemas”, explica.

 

Mesmo diante de tantos desafios, os selecionados nos editais demonstraram tradições ligadas ao cuidado com a natureza. Um exemplo claro é o cultivo e a preservação de espécies usadas em rituais religiosos ou com fins medicinais. Essas práticas ampliam a ideia de que a agricultura familiar não se resume à subsistência alimentar, mas envolve a subsistência do espírito e da saúde.

 

Desse modo, o PSA tem um papel fundamental no fortalecimento da produção agroecológica em Alagoas, pois reconhece e valoriza quem já atua respeitando os ciclos da natureza. Ao garantir apoio financeiro e técnico, o programa contribui para minimizar os desafios enfrentados no campo, onde muitas vezes as famílias produzem sozinhas, sem recursos ou assistência adequada.

 

Essa iniciativa não apenas incentiva a continuidade das práticas sustentáveis, como também reforça que é possível conciliar produção e conservação ambiental.

 

“Produzir de forma agroecológica, sem apoio, é muito difícil. Tudo se torna mais desafiador sem suporte. O PSA mostra que é possível viver da terra de forma sustentável, manter viva a produção agroecológica e preservar os recursos naturais. É sobre respeitar ciclos e semear o futuro”, destaca Déborah Monteiro, consultora ambiental do IMA.

 

Além de identificar boas práticas ambientais e desafios, as vistorias também marcam momentos valiosos de troca de conhecimentos entre as equipes técnicas e as famílias agricultoras. Mais do que uma etapa de monitoramento, essas visitas promovem a interação dos saberes em que a experiência prática dos agricultores se encontra com a orientação técnica do programa.

 

Essa convivência reforça a importância do diálogo entre ciência e tradição, e ajuda a desmistificar a ideia de que conservar e produzir são caminhos opostos. Pelo contrário, como demonstram muitas das práticas observadas, é justamente na união com a natureza que está o potencial transformador da agroecologia.

 

“Acredito que o PSA Agroecologia se estabelece enquanto forma de desmistificar a ideia de que não há elo viável entre produção e conservação. Ao mesmo tempo em que reconhece que não é uma proposta fácil, e que não há receita pronta para tal, o PSA pode estimular a mudança de práticas predatórias para atividades que pensem a natureza como aliada da produção”, finaliza Gabriela Cota.