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Estudantes universitários de Palmeira dos Índios enfrentam caos no transporte: superlotação, descaso e suspeitas de uso eleitoreiro; veja vídeo

28/03/2025
Estudantes universitários de Palmeira dos Índios enfrentam caos no transporte: superlotação, descaso e suspeitas de uso eleitoreiro; veja vídeo

O transporte universitário gratuito de Palmeira dos Índios, programa essencial para centenas de estudantes que precisam se deslocar diariamente especialmente para a cidade de Arapiraca está no centro de uma nova crise. Na noite desta quinta-feira (27), universitários denunciaram à Tribuna do Sertão um cenário caótico: superlotação, ônibus em más condições e, mais grave, o uso político do programa, que deveria priorizar o direito à educação.

Segundo relatos, os ônibus disponibilizados pela Prefeitura para o trajeto universitário estavam visivelmente insuficientes para atender a demanda. O motivo? Parte da frota foi utilizada na noite anterior para o transporte de torcedores do CSE, que viajaram até Penedo para acompanhar a partida contra o Penedense, válida pela Copa Alagoas. Na volta, os ônibus foram alvo de ataques em Arapiraca. Bombas caseiras foram lançadas contra os veículos, que também foram depredados por torcedores adversários.

Na quinta-feira, com parte da frota danificada, os estudantes foram literalmente amontoados nos ônibus remanescentes, em uma cena descrita por muitos como “transporte de sardinha”. “Fomos tratados como carga, não como seres humanos. Teve gente viajando em pé durante todo o percurso. Um desrespeito total”, desabafa uma estudante do campus da UFAL em Arapiraca.

Mas o problema vai além da superlotação pontual. Estudantes relatam critérios obscuros e, por vezes, injustos no acesso ao programa “Caminhos Universitários”. De acordo com várias denúncias, estudantes de faculdades particulares estariam sendo privilegiados, enquanto alunos de instituições públicas, como universidades e institutos federais, seguem à margem do serviço. Há inclusive relatos de estudantes que, mesmo cumprindo os requisitos, foram informados por responsáveis pela gestão do programa de que não poderiam ser incluídos por se tratar de um serviço “gratuito e limitado”.

Outra grave denúncia é o condicionamento do cadastro ao fornecimento do título de eleitor, exigência feita pela Prefeitura Municipal para liberar a carteira de usuário. A medida levanta fortes suspeitas de uso político e eleitoreiro do programa, já que estudantes alegam que o critério de acesso parece seguir uma lógica de apadrinhamento, beneficiando aliados e preterindo quem mais precisa.

“É revoltante. A gente luta pra estudar, precisa desse transporte, e ainda somos tratados como massa de manobra política”, denuncia um aluno que preferiu não se identificar, temendo represálias. Segundo ele, há estudantes que estão há mais de dois meses sem conseguir a carteira de acesso ao transporte, impedidos de embarcar regularmente.

A Prefeitura de Palmeira dos Índios, recentemente emitiu uma nota afirmando que as inscrições do programa estavam suspensas, mas não emitiu nota oficial sobre o episódio envolvendo a depredação dos ônibus na viagem com torcedores, nem esclareceu a situação da frota danificada. Também não houve resposta aos questionamentos sobre os critérios de seleção para o programa “Caminhos Universitários” e sobre a obrigatoriedade do título de eleitor no cadastro.

Enquanto isso, os universitários seguem enfrentando não apenas os desafios dos estudos, mas também o descaso de uma gestão que deveria garantir, no mínimo, dignidade no acesso à educação.