Política

Viagem ao Japão pode ter sido o início da trégua entre Renan Filho e Arthur Lira em nome de 2026

Redação Tribuna do Sertão 24/03/2025
Viagem ao Japão pode ter sido o início da trégua entre Renan Filho e Arthur Lira em nome de 2026

O que seria uma missão oficial de aproximação diplomática entre Brasil e Japão pode ter servido também como palco silencioso para movimentações políticas com sotaque alagoano e olhos voltados para 2026. A bordo do avião presidencial que levou a comitiva de Luiz Inácio Lula da Silva ao outro lado do mundo estavam dois dos principais personagens da política de Alagoas: o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB).

Historicamente rivais no tabuleiro político alagoano, Lira e Renan compartilharam não apenas a cabine de primeira classe, mas também longas horas de voo — ida e também a volta — e compromissos diplomáticos em solo japonês. Ao que tudo indica, o prato principal do serviço de bordo não foi o sushi, mas sim a eleição de 2026.

Renan Filho é cotado para disputar o governo de Alagoas novamente, enquanto Arthur Lira articula manter o comando político do estado e ampliar sua influência nacional. A tensão entre os dois se intensificou nas eleições municipais de 2024, quando apoiaram lados opostos em diversas cidades do estado, inclusive em Maceió, Rio Largo e Palmeira dos Índios. Mas a realidade em Brasília, onde ambos são peças fundamentais no xadrez do governo Lula, exige uma diplomacia que, em muitos momentos, se sobrepõe às rivalidades regionais.

No Japão, integrando a comitiva presidencial ao lado de ministros, senadores e deputados, os alagoanos viveram um raro momento de proximidade institucional. O presidente Lula aposta no pragmatismo político para consolidar sua base, e a presença simultânea de Lira e Renan Filho em sua comitiva sinaliza que, ao menos no campo federal, o Planalto quer — e precisa — de harmonia.

A viagem, com diversas agendas bilaterais e encontros privados, dá tempo suficiente para conversas discretas, longe dos holofotes de Alagoas. O ambiente controlado, a convivência obrigatória e o clima de missão de Estado criaram o cenário ideal para uma possível “trégua branca”.

Fontes próximas ao governo federal afirmam que Lula tem interesse direto em costurar uma unidade no estado nordestino, onde deseja consolidar palanques fortes para a sucessão presidencial. Um entendimento entre os dois líderes locais poderia resultar num acordo que beneficie ambos, desde que cada um encontre espaço e protagonismo nas urnas de 2026.

Enquanto a opinião pública acompanhava os gestos e acenos do presidente brasileiro com o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida, os bastidores ferviam com especulações sobre o que se passa entre os dois alagoanos mais poderosos da atualidade. Silenciosos em público, mas inevitavelmente próximos nos corredores do poder, Lira e Renan sabem que 2026 começa a ser desenhado muito antes do ano da eleição — e, às vezes, começa em um voo internacional de 24 horas.